Amor maior

Hoje me peguei relembrando meu passado, minha infância, e descobri que todos aqueles momentos têm algo em comum: a figura onipresente de minha mãe. Talvez a recordação mais distante seja do seu colo, do calor protetor do seu corpo e da tranquilidade e paz conferidos pelo som da sua voz. Se fecho os olhos e me esforço um pouco mais, é possível sentir novamente o perfume da blusa de lã, o cheiro da comida quentinha que ela tão amorosamente preparava, entre uma preocupação e outra.

Dos tempos da escola lembro-me das broncas para acordar cedo e das travessuras que aprontava com outros garotos. Em todas as situações lá estava ela, elogiando, aconselhando, repreendendo quando necessário. Quantos chamados na escola para conversar com a diretora, culpa adivinhem de quem?! Durante o Ensino Médio, momento de incertezas, inseguranças e tomada de decisões, quem sempre aparecia para indicar caminhos, iluminar ideias? Minha mãe, meu amor maior.

As lembranças mais fortes são as dos tempos da universidade, até por serem mais recentes. Que ser humano em sã consciência sairia da cama quentinha a uma hora da manhã com o frio das geadas do inverno, para que ao chegar eu pudesse ter a comida quentinha me esperando, a forma com brasas para me aquecer depois da viagem de moto em meio ao vento e ao gelo. Tantas vezes ao me aproximar eu a via abrir a porta e perguntar se estava tudo bem, a expressão insone e preocupada. Ajudava-me às vezes a tirar as roupas encharcadas da chuva, alcançava-me a toalha sequinha para que me enxugasse. Sempre a mesma dedicação, sempre o mesmo amor, um amor maior.

Mesmo hoje, que tenho meu trabalho, meus afazeres, sua presença e seu amor estão lá, são meu conforto e meu porto seguro. As conversas amorosas, as confidências trocadas, a liberdade de se dizer o que se pensa e a segurança que só a figura da mãe pode proporcionar. Concordando ou não com o que digo, sua reação é sempre de compreensão, de afeto renovado e de amor, aquele amor maior que está a minha espera e que sei que sempre estará comigo, pois é infinito e incondicional.