Desde o momento em que acordamos pela
manhã até a hora em que deitamos a cabeça no travesseiro para enfim descansar,
vivenciamos cada ação, cada tarefa e cada minuto de lazer sob o domínio do
tempo sem que saibamos, no entanto, o que realmente venha a ser essa entidade
tão misteriosa. Pode parecer loucura, mas o conceito de tempo e do que ele seja
de verdade se constitui num dos maiores mistérios da humanidade.
Se pararmos um pouco para refletir, a
primeira constatação que se tem é que o tempo é algo extremamente relativo e
subjetivo: diferentes pessoas passando por diferentes situações experimentam o
tempo de formas distintas. Um exemplo claro disso é a noção de um final de
semana, por exemplo. Da sexta-feira à tarde ao finalzinho do domingo geralmente
não transcorrem mais que cinco minutos! Passa muito rápido. Durante a semana
inteira ou em momentos de tensão e estresse, como durante um assalto, alguns
segundos ou minutos podem nos parecer dias.
Outro aspecto enigmático relativo ao tempo
diz respeito à forma como pessoas de diferentes idades o sentem. Quanto mais
velhos vamos ficando, mais rápido o tempo parece transcorrer. Para a física
moderna, isso tem uma explicação lógica: à medida que envelhecemos vamos
ficando cada vez lentos, nosso cérebro vai ficando lento e isso faz parecer que
o mundo ao nosso redor de repente ficou mais veloz. É um lembrete de que a
quantidade de tempo de que dispúnhamos ao nascer está se esgotando. Nossos
processos mentais, assim como nossas ações, vão ficando mais e mais lentos até
que enfim param de funcionar por completo. Morremos.
Se estivermos aguardando alguma festa,
show ou comemoração muito desejada o relógio parece travar, a hora nunca chega.
Quando finalmente nos vestimos e saímos, dali a poucos segundos já estamos
acordando de ressaca no dia seguinte. Tudo passou num piscar de olhos. Como
pode ser isso?! A ideia que temos sobre o tempo está intimamente relacionada às
sensações: sempre que alguma atividade nos proporcionar prazer, parecerá ter
passado rápido, mesmo que demore dias. Se, no entanto, se tratar de alguma
situação difícil, estressante ou muito trabalhosa, parecerá sempre muito
demorada, ainda que perdure por meros minutos.
Existem ao redor do mundo algumas tribos
que desconhecem a noção de tempo. Para estas pessoas, a vida é pautada pelas
atividades diárias a executar, jamais pela tirania do relógio. É um estilo de
vida que nós ocidentais sequer conseguimos imaginar. De certa forma, vivemos
uma vida que não faz lá muito sentido. Passamos três quartos de nossa existência
trabalhando e pensando em ter uma "velhice tranquila". Quando
finalmente chegamos lá, não nos restam muitos anos para aproveitar. Nosso tempo
acabou.
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