quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Loucura e genialidade andam juntas



De acordo com o dito popular, “de gênio e louco, todo mundo tem um pouco”. Provavelmente é verdade, porém o que nem todos sabem é que a fronteira que separa a genialidade da loucura pode ser muito tênue. Há muito tempo, médicos e filósofos têm se perguntando sobre o possível papel desempenhado pela insanidade mental na criatividade humana. Muitas das maiores obras das artes plásticas, da literatura e da música, bem como algumas das grandes descobertas científicas, hoje atribuídas a gênios, foram originalmente pensadas por indivíduos que sofreram por longo tempo de transtornos de personalidade, episódios de bipolaridade, depressão e comportamento sociopático.
Para Platão, célebre filósofo grego, a loucura representa um dos principais ingredientes da criatividade, possibilitando ao cérebro aumentar enormemente a sua atividade e desenvolver ideias que muitas vezes fogem ao senso comum e possuem associações absurdas num primeiro momento, mas que acabam se revelando geniais e inovadoras.
Muitos escritores, pintores e compositores famosos se encaixam nessa descrição, pois seu histórico revela períodos de grande criatividade e euforia, alternados por fases depressivas, tristonhas e de baixa ou nenhuma produção criativa. Para a ciência médica, as doenças psíquicas provocam, em alguns casos, uma espécie de hiperatividade cerebral, fazendo com que ideias aparentemente desconexas comecem e se relacionar entre si, culminando então na criação de alguma obra de imenso valor artístico ou na formulação de uma nova e revolucionária teoria, por exemplo.
Em testes realizados em um grupo de pessoas, os portadores de ciclotimia, doença caracterizada pela mudança repentina de humor, não só apresentaram muito melhor desempenho em associar palavras de acordo com certos critérios de significado, como também tiveram sucesso ao associá-las de forma pouco comum e original, inclusive criando possibilidades inovadoras.
A imagem do “gênio louco” tão presente nos desenhos animados e filmes talvez não seja tão descabida afinal de contas. Para alguns pesquisadores, o envolvimento com atividades que exigem habilidades criadoras é uma das formas encontradas pelo cérebro do doente mental de se proteger de uma possível autodestruição. Talvez esteja aí a origem da associação tão comum entre criatividade e sofrimento psíquico.

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