De acordo com
o dito popular, “de gênio e louco, todo mundo tem um pouco”. Provavelmente é
verdade, porém o que nem todos sabem é que a fronteira que separa a genialidade
da loucura pode ser muito tênue. Há muito tempo, médicos e filósofos têm se
perguntando sobre o possível papel desempenhado pela insanidade mental na
criatividade humana. Muitas das maiores obras das artes plásticas, da
literatura e da música, bem como algumas das grandes descobertas científicas,
hoje atribuídas a gênios, foram originalmente pensadas por indivíduos que
sofreram por longo tempo de transtornos de personalidade, episódios de
bipolaridade, depressão e comportamento sociopático.
Para Platão,
célebre filósofo grego, a loucura representa um dos principais ingredientes da
criatividade, possibilitando ao cérebro aumentar enormemente a sua atividade e
desenvolver ideias que muitas vezes fogem ao senso comum e possuem associações
absurdas num primeiro momento, mas que acabam se revelando geniais e inovadoras.
Muitos
escritores, pintores e compositores famosos se encaixam nessa descrição, pois
seu histórico revela períodos de grande criatividade e euforia, alternados por
fases depressivas, tristonhas e de baixa ou nenhuma produção criativa. Para a
ciência médica, as doenças psíquicas provocam, em alguns casos, uma espécie de
hiperatividade cerebral, fazendo com que ideias aparentemente desconexas
comecem e se relacionar entre si, culminando então na criação de alguma obra de
imenso valor artístico ou na formulação de uma nova e revolucionária teoria,
por exemplo.
Em testes
realizados em um grupo de pessoas, os portadores de ciclotimia, doença
caracterizada pela mudança repentina de humor, não só apresentaram muito melhor
desempenho em associar palavras de acordo com certos critérios de significado,
como também tiveram sucesso ao associá-las de forma pouco comum e original,
inclusive criando possibilidades inovadoras.
A imagem do
“gênio louco” tão presente nos desenhos animados e filmes talvez não seja tão
descabida afinal de contas. Para alguns pesquisadores, o envolvimento com
atividades que exigem habilidades criadoras é uma das formas encontradas pelo
cérebro do doente mental de se proteger de uma possível autodestruição. Talvez
esteja aí a origem da associação tão comum entre criatividade e sofrimento
psíquico.
Nenhum comentário:
Postar um comentário