Halloween e diversidade cultural

Esta semana comemora-se em muitos locais pelo Brasil afora a festa de Halloween, ou Dia das Bruxas, como é conhecida por aqui. De tradição antiquíssima no Reino Unido, Irlanda, Canadá e Estados Unidos, a festa vem sendo gradativamente introduzida no país, principalmente por conta dos cursos de idiomas, que visam uma maior imersão na cultura dos povos de língua inglesa.

Quando do seu surgimento, a data marcava o final do verão e o início de um novo ano no hemisfério norte e era carregada de forte simbologia mística. De acordo com as lendas celtas, todos que morreram durante o ano retornariam na véspera do Dia de todos os Santos para possuir os corpos dos vivos, por isso as pessoas apagavam as luzes das casas e usavam roupas e fantasias assustadoras para afugentar os maus espíritos. Já a partir dos anos 1800, com a chegada dos imigrantes irlandeses à América do Norte, a data sofreu algumas modificações e passou a incorporar elementos da cultura americana, ganhando novas roupagens e novas brincadeiras. A festa de Halloween, com seus símbolos muito significativos, na verdade foi absorvida pela Igreja Católica e transformada no Dia de todos os Santos e no Dia de Finados, numa tentativa de apagar os traços das crenças pagãs, no entanto as duas comemorações possuem muitos traços em comum.

No decorrer destes últimos dias, tive a oportunidade de presenciar alguns protestos, por parte de pessoas contrárias a esta manifestação cultural, talvez até por não entenderem o seu real significado e considerá-la, erroneamente, numa "festa do mal". Acima de quaisquer aspectos religiosos ou místicos, é preciso entender o Halloween como manifestação de uma cultura global, que hoje chega até nós graças à internet, aos desenhos animados e aos filmes americanos, que já fazem parte do imaginário coletivo, assim como o carnaval, aliás também uma festa pagã. As Festas Juninas, fruto da cultura do nordeste do país, também encontram espaço entre nós, sendo muito bem aceita culturalmente.

Hoje já não existem mais barreiras culturais, pois as mais variadas formas de expressão podem ser encontradas em todo lugar. Boa prova disso é o churrasco, representante de típica culinária gaúcha, que vem se espalhando pelos quatro cantos do mundo. Se quisermos conhecer cada vez mais e nos aprimorarmos como seres humanos e como povo civilizado, não podemos rechaçar nenhuma forma de expressão da cultura universal.