segunda-feira, 25 de junho de 2012

Professor e computador: medos, inseguranças e quebra de paradigmas


A Internet se configura hoje como a mídia do momento, a ferramenta “globalizante” que mais cresceu nos últimos anos e que a cada dia se consolida como indispensável no que tange às mais diversas esferas da vida cotidiana. Tarefas antes demoradas e complexas são executadas com um simples “clique” do mouse. Livros e universidades em todo o mundo estão bem ali, prontos para serem consultados e contatados de acordo com as nossas necessidades e disposição, enfim, a tela do computador deixa de ser uma barreira para se tornar literalmente uma janela, por onde acessamos o mundo e as pessoas, interagindo de forma ilimitada nesse gigantesco universo digital.
Diariamente, apenas a título de curiosidade, cerca de 300.000 novas páginas são criadas, sem falar dos fóruns de discussão, dos blogs, dos chats e uma infinidade de outros “locais” que surgem, esperando para serem visitados.
Diante de tudo isso o professor, que durante séculos se viu como a única fonte de informação e conhecimento em relação ao seu aluno, se vê agora assaltado por medos, dúvidas e muitas inseguranças, pois não consegue ver com clareza qual o seu real papel enquanto educador e disseminador de saberes, ideias e ideologias. Num primeiro momento, é preciso que haja um entendimento profundo do significado do computador enquanto ferramenta que possibilitará o acesso à informação e a construção do conhecimento. Do professor, espera-se que assuma uma nova postura frente ao universo digital, colocando-se agora não mais como o centro das atenções, mas como aquele que vai orientar, facilitar e fornecer subsídios para que o aprendiz possa saber selecionar, agrupar, sistematizar, problematizar e então construir algo novo, novos saberes.
A Internet, com seus “portais” e instrumentos de busca, os chamados “spiders”, oferece novas e inesperadas formas de buscar informação e produzir conhecimento, já que se utiliza do hipertexto como forma de acessar novos saberes. É preciso entendermos que a leitura “em tela” se constitui num processo totalmente diferente da leitura de um texto tradicional, impresso, pois sua principal característica é a não linearidade, o que oferece infinitos caminhos para se buscar uma mesma informação. Por se utilizar dos chamados “links”, a leitura “em tela” é dispersiva e mutante, pois a todo momento nossa atenção é despertada pelo “pop-up” da loja virtual, pela manchete do site de notícias, pelo amigo que vemos que acaba de entrar no MSN. Tais processos ocorrem em tempo real, “on-line”. Há bem pouco tempo, jamais poderíamos imaginar estar “lendo um texto” e de repente podermos ficar sabendo, num dos cantos da “página”, o resultado do jogo que estava em andamento há minutos, lá na China ou em qualquer lugar do mundo!
Definitivamente, as distâncias geográficas deixaram de existir no que respeita a circulação de informação e de saber. Frente a tudo isso, o professor precisa agir com cautela, zelo e sobretudo compreensão, precisa agir e atuar com amor, precisa se esforçar para superar o sentimento de perda e entender que na sua aula ele já não é mais o centro das atenções, mas um indivíduo que faz parte daquele grupo, que descobre, que aprende junto a cada clicar de mouse, que muitas vezes auxilia e ajuda, mas que também pede ajuda ao seu aluno. Todos descobrem e aprendem, mediatizados pelo mundo cibernético.
Nessa nova realidade, o professor orienta e mostra qual o melhor caminho, qual a melhor ferramenta de busca, o “site” mais confiável, a informação mais relevante para a pesquisa ora em curso. Já não há mais lugar para a incompreensão e a intolerância. É preciso sobretudo entender que no processo de aprendizagem mediado pelo ciberespaço a aula não mais é centrada no professor, pois este deixa de ser o “ator principal” para se tornar parte integrante do conjunto, agindo e interagindo com todos os envolvidos neste mesmo ideal que é a busca pela informação e a construção de conhecimentos novos.
Sem dúvida, é um tempo de renovação, de reconstrução, um tempo no qual os velhos paradigmas, os velhos e tradicionais modelos pedem para ser revistos, exigindo a adoção de novas posturas e diferentes métodos de ensino, sob pena de mais uma vez nos vermos paralisados pela estagnação, pelas inseguranças e pelas incertezas que conduzem, invariavelmente, ao conformismo e à inércia.

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