Não se pode
negar que a chegada do inverno produz alterações na rotina, nos hábitos e até
no humor das pessoas. Por sermos seres de sangue quente, nos sentimos muito à
vontade nas altas temperaturas ou quando giram em torno dos 20 graus. Abaixo
disso, o desconforto aumenta à medida que a temperatura diminui. Por mais que
estejamos bem agasalhados, ter que sair cedo da cama não é nada agradável.
Naqueles dias em que há formação de geada, quando o despertador toca, temos
vontade de jogá-lo contra a parede. E não é pra menos: o calor gostoso das
cobertas é benéfico para a vida, para a nossa sobrevivência, enquanto o frio
pode causar desde um simples resfriado até doenças mais graves.
É muito lindo
ver os finos flocos de neve que vão caindo devagar, quando se está bem
resguardado em casa, de preferência com um copo de chocolate quente ou café,
acompanhado de uma porção generosa de pipocas. Nos ambientes de trabalho ou em
outras situações em que não estejamos bem abrigados, as baixas temperaturas se
tornam uma tortura às vezes difícil de ser suportada. Se além da friagem ainda
houver aquela chuva fininha que cai meio atravessada então, nem se fala. Junto
com o frio implacável que vai gelando as nossas extremidades, surge também uma
sensação de fragilidade, de que algo não está bem. Com frequência, bate uma
melancolia, uma sensação de desamparo e de abandono.
De alguma
forma, gostaríamos de ser acolhidos, levados pra casa e que cuidassem de nós,
como nossos pais faziam quando éramos crianças. Quando acontecia de se chegar
em casa com o corpo todo enregelado de frio e tomávamos um banho quentinho, em
seguida nossa mãe nos oferecia um prato fumegante de sopa, que se tomava
enquanto procurava na TV algum canal onde estivesse passando o Tom e Jerry. Que
sensação maravilhosa. Alguns episódios da infância ou adolescência ficam
gravados em nossa mente até morrermos. Por mais que passem os anos, jamais se
esquece. O carinho e aconchego da casa de nossos pais é uma dessas lembranças
indissolúveis.
As baixas temperaturas também evocam desejos
por este ou aquele tipo de comida. Com o frio, aumenta a vontade de comer
doces, chocolates, macarronadas e toda sorte de pratos astronomicamente
calóricos. Tudo acompanhado de um bom vinho tinto e seco, de teor alcoólico proporcionalmente
inverso à temperatura! Com uma mesa
farta, bebidas quentes e pessoas amigas para bater um bom papo, muito da
chatice do inverno é logo esquecida. O aconchego proporcionado por boas
companhias levanta o astral, revigora o corpo cansado e reanima, dando força
para seguirmos adiante.
Nessa época em
que muitos dias o céu amanhece cinzento e carrancudo, é preciso manter a mente
arejada, procurar cultivar ideias otimistas e encontrar satisfação em todas as
atividades do dia. Por mais que o frio do inverno insista em nos deixar
depressivos, temos que tentar reverter esse processo. Para aquelas pessoas que
simplesmente odeiam o frio intenso e para as quais nenhuma dica parece amenizar
tanto incômodo, resta o consolo de um banho bem quente, uma pizza caprichada ao
lado da lareira, a companhia da pessoa amada ou mesmo de um bom livro. Tomadas
as providências que estiverem disponíveis, restará espaço para admirar as
árvores que nesta época se tingem de um amarelo avermelhado, o lençol
branquinho que cobre os gramados pela manhã ou o voo silencioso da coruja,
sorrateira em busca de algum oco de árvore ou paiol velho que sirva de pousada.
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