quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Onde floresce a vida



Desde há séculos o homem tem se perguntado se existe vida em algum outro lugar que não a Terra. Cada um de nós, ao olhar para o céu estrelado numa dessas noites quentes de verão, com certeza também já se fez esta mesma pergunta. Apesar de não se ter nenhuma prova concreta até o momento, as possibilidades em favor de existir vida em outros lugares pelo Universo afora são cada vez maiores, à medida que expandimos nossa capacidade de pesquisar, entender e observar mais e mais distante.
Na época das grandes navegações, quando nossa espécie começava timidamente a explorar novas terras, aos poucos fomos nos dando conta de que nosso próprio planeta, a Terra, era muito maior do que se imaginava. A observação dos céus, com Galileu e outros gênios pioneiros da astronomia, nos mostrou que além de nossa casa, existiam outros oito planetas girando na vastidão do espaço. Nosso lar, ao contrário do que apregoavam as crenças religiosas mais romantizadas, não era o centro do sistema solar. O próprio sol é que tinha que ser o centro ao redor do qual giravam todos os nove planetas, afinal ele é o corpo que possui a maior massa e tamanho.
Com o passar das décadas e séculos, todas essas suposições se mostraram verdadeiras, embora tenha levado muito tempo até que pudessem ser finalmente comprovadas, devido à falta de recursos e equipamentos adequados para tais pesquisas. A Via Láctea, galáxia da qual fazemos parte, é um agrupamento de estrelas que se acreditava ser bem pequeno, indo pouco além de nosso sistema planetário, formado pelo sol e seus nove planetas. A partir do início do século XX, com os estudos de Harlow Shapley, descobriu-se que nosso sol é apenas uma dentre cerca de 300 bilhões de outras estrelas! E isso apenas nesta galáxia. As pesquisas realizadas pelo telescópio espacial Hubble, iniciadas nos anos de 1990, foram um divisor de águas: de uma só vez, o telescópio nos mostrou maravilhas que jamais sonháramos ver e nos fez perceber toda a nossa pequenez diante do Universo.
Apesar de nossa conhecida soberba, caracterizada principalmente por acharmos que somos especiais, que somos o centro do Universo e a espécie mais importante que já existiu ou que existirá, vivemos num planetinha minúsculo, na periferia da galáxia, perdidos em meio a alguns bilhões de outras galáxias. Até 1990, não se sabia da existência de nenhum outro planeta além daqueles que fazem parte do sistema solar. Hoje estão catalogados mais de 700 planetas para muito além do nosso sistema, e o número cresce absurdamente a cada ano. Recentemente descobriu-se mundos muito parecidos com a terra, girando ao redor de estrelas distantes e com condições de abrigar a vida. Se considerarmos uma perspectiva muito pessimista, é bastante provável que existam cerca de umas 20.000 civilizações parecidas com a nossa, e isso somente na nossa Via Láctea, imagine se formos considerar todos os bilhões de galáxias do Universo visível.
Mesmo com todas as limitações impostas pelas crenças religiosas, que sempre pregaram que somos especiais e únicos, a ciência tem nos mostrado um número imenso de possibilidades. As amarras do pensamento vão se soltando com o passar dos séculos e com os avanços da tecnologia e de novas concepções do que significa ser humano. Quando nos debruçamos sobre estas questões, somos fatalmente levados a pensar no real papel que representamos num Universo onde muito provavelmente a vida floresce em abundância.
Nos preocupamos tanto com um possível “fim do mundo” e isso é até natural, pois o instinto de sobrevivência é muito forte em nossa espécie. No entanto, esquecemos que para o Universo em toda a sua vastidão de galáxias e planetas, o sumiço da raça humana faria tanta diferença quanto faz uma folha para a vida da árvore a qual se prende. Mais do que isso, nossa extinção seria deveras benéfica para a Terra, já tão castigada pela nossa voracidade sem fim. Para satisfazer todas as necessidades e caprichos da vida moderna, estamos atualmente utilizando os recursos de um planeta e meio do tamanho do nosso. Por volta de 2050, toda a vida na Terra entrará em colapso, se a população humana continuar a aumentar às atuais taxas. Ao que tudo indica, seremos uma das espécies dominantes com o reinado mais breve. Quando tivermos finalmente sumido, os milhares de espécies animais a herdarem a Terra, agradecerão.

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