quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

2015, o ano que não acabará



O ano de 2015 já vai se despedindo, são as últimas horas, os últimos suspiros. Este foi o ano da lama no Brasil: lama em Mariana, lama na Petrobrás, lama no Congresso Nacional. Vivemos num país em que a população está largada ao abandono. Apesar de ser sem sombra de dúvidas a pior tragédia ambiental de nossa história, o episódio da barragem mineira foi ofuscado pelos escândalos políticos e, mais tarde, pelos atentados terroristas em Paris. A mídia brasileira parece não ter dado lá grande importância...

2015 foi um ano importante, sobretudo para nos darmos conta de que o poder público agoniza nas mãos de políticos que há muito deixaram de ver seus cargos como um emprego para ver ali oportunidades de grandes negócios. No Rio Grande do Sul, Paraná e Rio de Janeiro, principalmente, o funcionalismo vem sofrendo continuamente com cortes no orçamento, parcelamentos de salários e caos na saúde pública e na segurança.

Ano de humilhação, em que professores endividados um belo dia acordaram e viram somente R$ 600,00 depositados em suas contas. No Paraná, educadores apanharam em verdadeira praça de guerra. No Rio de Janeiro, pessoas morrem à espera de atendimento médico enquanto obras bilionárias são erguidas para as Olimpíadas de 2016, o ano que será "novo" apenas porque trocamos o 5 pelo 6, porém nossas misérias continuarão as mesmas, o dinheiro público sumindo, viajando graciosamente para a Suíça, para os Estados Unidos e até para dentro de malas, meias e cuecas.

A corrupção não é um fato novo nem exclusivamente brasileiro, porém aqui é o lugar onde ela encontrou terras férteis e mãos habilidosas para germinar e crescer viçosamente, tornando-se uma praga incontrolável e de proporções nunca vistas. O que é preciso para que isto mude? Sobretudo uma mudança de mentalidade e de atitudes do povo brasileiro. Enquanto continuarmos pensando em furar a fila, estacionar em local proibido (é bem rapidinho!), colar na prova da escola, enfim, tirar vantagem em tudo e de forma ilícita, por meio de trapaças e das pequenas corrupções de cada dia, nada mudará. Os políticos são eleitos pelo povo, saem do meio do povo e são o reflexo deste, ou seja, cada país tem os políticos que merece.

Talvez por sermos um povo já tão sofrido e calejado, é até normal que esperemos que o novo ano seja melhor, que seja "cheio de alegrias e pleno de realizações", afinal, a esperança é sempre a última que morre, contudo, lá bem no fundo de nós mesmos, sabemos que tudo continuará como já vem sendo. Com Dilma ou sem Dilma, com Aécio, com Lula, com João ou com Pedro, nosso povo prosseguirá servindo de marionete nas mãos de homens e mulheres inescrupulosos, ambiciosos e hipócritas, que sabem desde sempre que estão acima de tudo e de todos. Quando alguém é condenado, recebe como "castigo" se afastar do cargo, aposentando-se com salário de R$ 29.000,00. Esse é o nosso Brasil, um enorme oceano onde meia dúzia de peixes se farta enquanto milhões precisam lutar para sobreviver. Muitos não conseguem, morrendo na metade do caminho de fome, desemprego, falta de atendimento médico, falta de dignidade.

2016 não será o "melhor ano de nossas vidas" nem de longe, dado o momento de crise econômica e política em que o país se encontra. Em 2016 talvez não haja nenhum desastre ambiental, porém é certo que continuaremos atolados em muita, muita lama. Tomara que tenhamos forças para remar nesse mar de dificuldades e que encontremos, pelo menos, alguma ilhota em que possamos respirar melhor e continuar lutando para ter nosso lugar ao sol. Em terras brasileiras, em 2016, nada será muito diferente: crimes continuarão acontecendo e criminosos continuarão impunes, rindo as nossas custas; estudantes continuarão lutando para ter uma vida melhor no futuro, ainda que estudem em escolas caindo aos pedaços; mulheres continuarão dando à luz na calçada em frente ao hospital, por descaso dos nossos políticos.

Basicamente, tudo será tal como foi em 2015 ou talvez até pior. Os atores (nós) serão os mesmos, a única diferença significativa é que os dias serão outros e também as oportunidades serão outras. Tomara que tenhamos a sabedoria e a competência necessárias para obter um resultado diferente, fazendo com que os bons ventos soprem a nosso favor!

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