Nossa pátria amada idolatrada, salve,
salve, não vai mudar tão cedo e isso por motivos óbvios. Não vai mudar
sobretudo enquanto o povo tratar a política com a mesma (falta de) seriedade
com que trata o futebol. Faz tempo que venho falando tchê, que no Brasil muito
poucos se importam com a política e com as consequências que ela acarreta em
nossa vida, e menos ainda em se manter informado, procurar saber o que está
acontecendo, que projetos estão em pauta, etc.
Não sei porque cargas d'água, tudo em
nosso país é mera questão de rivalidade: se sou do partido A, defendo A até a
morte, pouco importa todas as merdas que os políticos do partido A estejam
fazendo, sou do A e pronto, isto é, ponto final.
Se sou do partido B, a mesma coisa. Como
é possível tamanha estupidez?!
Nunca fui de agir desta forma. Se o
partido com o qual simpatizo faz coisa errada, sou o primeiro e sempre serei, a
criticar e me indignar. Da mesma forma, se o partido com o qual não simpatizo
realiza algo de bom em prol dos interesses da população, sou o primeiro a
reconhecer, afinal aqui não se trata de defender Grêmio ou Inter, Corinthians
ou Palmeiras. A política é (menos no Brasil) coisa séria.
Durante estes primeiros quase nove meses
do governo Sartori, por exemplo, só vi o governador fazer uma única coisa positiva:
pedir para que o corpo do tradicionalista Nico Fagundes fosse velado no Palácio
Piratini, porque de resto nada foi feito, nada de nada de nada, uma nulidade
completa em termos de boas realizações, só o que tem feito é enxugar e cortar
todos os serviços essenciais, promovendo um encolhimento do estado como nunca
se viu, dando até um significado novo à palavra incompetência.
E é assim que vejo muitas pessoas
defendendo seu governo, defendendo seu partido, defendendo sua pessoa, com
argumentos como: "o Estado tá quebrado mesmo, não tem dinheiro, o dinheiro
acabou!", "coitado do gringo véio, herdou um estado falido!", ou
ainda, maior dos absurdos, "não votei em partido, votei na pessoa, Sartori
é um homem bom, honesto!".
Não existe essa coisa de votar "na
pessoa", isso é ingenuidade das maiores. Pouco importa a índole, o caráter
de alguém. Depois de eleita a pessoa sempre vai ter que governar de acordo com
as diretrizes, com a cartilha enfim, do seu partido e, se o partido orienta
sucatear o funcionalismo, arrochar os salários e privatizar estatais, é o que
será feito e pronto. Nessa hora as "origens humildes" e o bom mocismo
caem por terra, já eras, o tempo em que se amarrava cachorro com linguiça acabou.
E tem quem acredite que "não tem
mais dinheiro!". Gente, não sejam ingênuos! Só nas praças de pedágio do
estado do Rio Grande do Sul se arrecadam fortunas num único final de semana, a
verdade é que agora querem direcionar os recursos para outros interesses,
deixando os servidores de mãos vazias, pois não são prioridade para este
governo.
A vidinha do brasileiro não vai mudar.
Na terra do futebol, do samba e da mulher pelada e popozuda, enquanto o povo
briga e defende seu time e partido político "do coração", os
políticos se regozijam e chafurdam nos recursos públicos, para eles sempre
abundantes.
O dia já vai amanhecendo e mais uma
conta é aberta em algum paraíso fiscal. O despertador toca e o trabalhador
segue ainda sonolento para o seu trampo, preocupado em não chegar atrasado e já
ansioso pelo clássico futebolístico do final de semana, pela ceva gelada e por,
quem sabe, receber mais mensagens daquela vizinha do andar de baixo, que não
para de chamar no what's up. A vida é bela!
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