A partir de hoje, nossa cidade viverá
durante duas semanas mais uma Feira do Livro. Nos dias que correm, devido às
tantas tecnologias e distrações que fazem parte do nosso cotidiano, muitos de
nós esquecemos ou nem nos damos conta de quão importante e fundamental é a
escrita e, por conseguinte, a leitura como hábito formador e transformador do
ser humano.
Escrevemos e lemos desde uns 5000 anos
atrás. Durante todo esse tempo, pode-se dizer que a leitura esteve presente em
todos os momentos da História, seja para evocar acontecimentos marcantes,
reviver memórias de nossa trajetória de vida particular ou viver grandes
aventuras ao lado de heróis, vilões e criaturas fantásticas que, por meio das
páginas impressas, guiaram a humanidade por mundos imaginários idealizados e
nos fizeram viver grandes aventuras. Toda vez que lemos, um fenômeno deveras
fascinante acontece: adentramos sorrateiramente pelas ideias e pensamentos do
autor e estas, por sua vez, passam a também fazer parte de nós. Ler é um
exercício de comunhão, de troca, de apropriação e de construção mútua entre
autor e leitor.
Em relação à formação do hábito de ler,
muito se tem discutido sobre o papel da escola e do professor. Ler, tal como
muitas atividades humanas, é sobretudo um processo de descoberta, de
exploração, de encantamento. O que o professor pode e deve fazer é mostrar
caminhos, indicar bons autores, falar dos benefícios que a leitura pode trazer
e das tantas transformações que dela podem advir, porém nada disso garante que
ali nascerá um leitor. Para que tal ocorra, será necessário motivação,
curiosidade, desejo de saber mais e vontade de buscar respostas para as grandes
perguntas que sempre nos acompanharam: de onde viemos? Para onde vamos? Por que
estamos aqui? Tais questionamentos conduzem à introspecção e ao silêncio
interior, ingredientes fundamentais ao germinar do novo leitor.
E assim, uma vez que tenham chegado a
hora e momento adequados e nos tenhamos aproximado do livro e folheado suas
páginas, dele nunca mais nos separaremos. Nas bancas de jornal, nas livrarias,
nas bibliotecas e feiras, na mão de um amigo ou nos sebos empoeirados, os
livros estarão sempre a nossa espera e nós a sua procura, ávidos por percorrer
as páginas e nos encantar, às vezes sorrindo a cada descoberta, às vezes
chorando, às vezes irando.
No que se refere a adquirir conhecimento,
refinar nosso caráter e alargar nossa visão de mundo, nos tornando mais
humanos, mais solidários e menos preconceituosos e supersticiosos, não consigo
pensar em nada mais tecnológico e moderno que o livro. Que venha a 27ª Feira do
Livro. Que nos traga saberes, emoções e novas amizades talvez, por entre os
raios dourados de sol da Praça Getúlio Vargas.
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