quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Os (des)caminhos da Educação



Já faz mais de uma década que se tornou hábito afirmar que a Educação brasileira está em crise, mas o que de fato significa isso? No tocante à Educação, quando nos referimos a uma crise do sistema educacional, na verdade estamos constatando que o modelo em curso já não funciona mais e no entanto não temos algo melhor para colocar no lugar, daí a sensação de areia movediça, de estarmos presos sem conseguir vislumbrar qualquer solução possível.
Durante os últimos vinte anos aconteceram mais avanços tecnológicos que no século XX inteiro, impactando diretamente no estilo de vida da sociedade moderna, mais especificamente na forma como nos comunicamos, nos expressamos e nos comportamos. Tais avanços, entretanto, não conseguiram ultrapassar os muros escolares. A maior parte do cenário e funcionamento da Escola ainda está como era a cerca de 200 anos atrás: turmas divididas por faixa etária, fileiras de alunos que assistem aulas passivamente e um sinal sonoro que avisa o término de um período e início de outro.
No Projeto Político Pedagógico de qualquer escola está escrito que se pretende "formar cidadãos críticos, autônomos e atuantes na sociedade em que estão inseridos". De que forma isto seria possível com este modelo que poda a expressão e a criatividade em favor do automatismo e da obediência aos padrões sociais estabelecidos, desde a infância nos acostumando a fazer parte das classes dominadas?
Os conteúdos curriculares, quase sempre colocados num pedestal, nos sufocam com toneladas de informações sobre o mundo mas muito pouco nos dizem sobre nós mesmos e sobre a vida, sobre as relações humanas, sobre a importância da solidariedade e do amor entre todos os seres vivos. Muito da crise vivida pela Escola hoje se deve ao fato de que nada nela se aprende que não possa ser aprendido também fora dela. O professor perdeu a exclusividade enquanto detentor de informação e de saber. Seu papel hoje é orientar, guiar e ensinar a buscar e a aprender.
Ao final de sua caminhada escolar, os estudantes irão guardar somente o que lhes for realmente significativo, o que puder contribuir de alguma forma para o sucesso na sua vida futura, quando tiverem de resolver seus próprios problemas e sobreviver num mundo cada vez mais competitivo e desafiador. No momento atual vivido pela Educação brasileira, professores, alunos e sociedade não têm um caminho pavimentado a sua frente, por onde se possa seguir com tranquilidade. O que se tem é muito mais uma floresta densa e um tanto escura, esperando para ser desbravada e iluminada.

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