Há
muito vem se discutindo sobre o papel da escola na formação de jovens leitores,
bem como as possíveis práticas a serem adotadas em prol deste objetivo. A
despeito da constatação de que o brasileiro é um dos povos que menos lê no
mundo, não se tem conseguido sucesso em conquistar novos leitores, a não ser de
forma esporádica.
Se
olharmos o fenômeno a partir de um viés histórico e sociológico, perceberemos
que a educação oferecida às nossas crianças e jovens é meramente utilitarista e
mecanicista, visando exclusivamente às avaliações escolares, provas de
avaliação externas como ENEM, Provinha Brasil e ainda os vestibulares. Nesse
contexto, a leitura é vista simplesmente como uma ferramenta, nunca como o
objetivo final a ser alcançado, ou seja, a formação plena do caráter, da
consciência e do entendimento do que significa ser humano numa realidade tão
complexa como a que vivemos nesse alvorecer do século XXI.
Por
estranho que nos possa parecer, o ambiente escolar, justamente onde o livro e a
leitura deveriam se fazer mais presentes, não tem conseguido oferecer situações
e práticas que sejam propícias à conquista de leitores. Salas de aula onde se
espremem quarenta alunos ou mais, professores sem a devida preparação e
intimidade para com a leitura e uma rotina de trabalho em que muitos atendem
cerca de quinhentos alunos durante a semana são alguns dos fatores que
comprometem possíveis aulas diferenciadas, onde a leitura intensiva e imersiva
poderia ser explorada.
Ademais,
a escola tradicional como a conhecemos vem travando uma competição desigual com
a miríade de tecnologias e apetrechos pessoais que surgem diariamente, frutos
de um capitalismo desumano e consumista. Ao sair da escola, muitos de nossos
alunos chegam a permanecer dez horas ou mais ocupados com seus computadores, tablets e celulares. Fechados para o
mundo em sua bolha particular de entretenimento descartável, nossos jovens
afirmam não ter tempo para ler.
O
ato de ler precisa ser antes de qualquer coisa um ato de amor. A prática da
leitura, especialmente a leitura literária, tem de acompanhar a criança desde
mesmo antes de sua alfabetização por meio da contação de histórias, manuseio de
livros de contos de fadas com ilustrações, quadrinhos e outras modalidades de
material impresso, para que o mundo da leitura e da imaginação passe
gradativamente a fazer parte da vida do indivíduo e lhe ganhe admiração e
valor. Também é de suma importância a visitação a bibliotecas, bancas de
revistas, livrarias, feiras de livros, palestras, teatros e eventos que tenham
relação com o mundo da leitura e dos livros.
A
partir da criação de uma rotina e da formação do hábito de ler, o gosto pela
leitura permanecerá na adolescência e na vida adulta, fazendo com que passemos
a entender melhor o mundo e a nós mesmos. Com o passar do tempo, a leitura nos
proporcionará oportunidades de vida e nos livrará de superstições e
preconceitos, nos possibilitando viver de forma muito mais fraterna e feliz.
Um comentário:
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