Mal se acabaram as ditas
comemorações do Natal, agora é hora de aturar mais um “Ano Novo”. Haja
paciência. Numa música antiga da banda Engenheiros do Hawaii, o vocalista
Humberto cantava: “...o último dia de dezembro, é sempre igual ao 1º de
janeiro...”. Nada poderia ser mais verdadeiro. Não sei por que as pessoas têm
essa mania de ficar desejando muitas felicidades, dinheiro, muita saúde e etc
etc etc e tal. Trata-se unicamente de um ritual já enraizado e consagrado, que
temos que cumprir (e suportar), todos os finais de ano.
Apesar de
todas aquelas felicitações e patacoadas mil, sabemos muito bem que nada muda.
Passamos para o início de um outro calendário e nada mais. Nossa vida seguirá
muito provavelmente sem quaisquer novidades. Continuaremos tendo que acordar
cedo, trabalhar em excesso, ganhar pouco, assistir a retrospectiva da globo,
pra rever todos os fatos que passamos boa parte do ano anterior tentando
esquecer. E sinta-se feliz se nada de pior acontecer, como por exemplo o seu
carro ser roubado, ou você bater ele e ter uma enorme despesa. Algum parente
próximo endividado talvez apareça pra te pedir uma grana emprestada, e nunca
mais pagar. É dureza.
Mas a
realidade da vida é assim mesmo. As pessoas gostam de sonhar que será melhor e
tal, mas nada acontece. A gente continua naquela vidinha assim periférica,
cada um de nós um planetinha ao redor do qual orbita uma constelação de
problemas, todos esperando numa longa fila, pra serem resolvidos, ou não. Mas
imaginemos por um momento a tal mega da virada. Se ganhássemos sozinhos os
tais 200 milhões de reais, daí sim nossa vida mudava! Não tenho dúvidas disso.
Com essa dinheirama toda, sairíamos instantaneamente do anonimato para o mundo
glamouroso dos ricos e famosos. De repente, nossas férias deixariam de ser ali
em Capão da Canoa ou Torres. Nada disso. Iríamos transitar livremente pelas
mais belas praias do mundo, não importando a distância. Seríamos literalmente
catapultados para uma vida nova. Daí sim poderíamos dizer “ano novo, vida
nova”. Nada mal mesmo.
Enquanto isso
não acontece, voltemos à dura realidade.
Todo fim de
ano, como se já não bastassem as ditas (in)felicitações, ainda temos que aguentar
uma infinidade de “simpatias” esdrúxulas, como colocar grãozinhos de lentilha
na carteira, pra atrair dinheiro, pular sete ondas nalguma praia, pra atrair
prosperidade e saúde. Ah, fala sério! Sem contar que nossa roupa tem que ser
obrigatoriamente branca, senão podemos ser alvo de alguma desgraça no ano que
se inicia. Temos que comer carne de porco naquela noite, porque o porco “fuça
pra frente”! Bah, eu vejo coisa.
Nesta semana,
caso você tenha ligado a TV numa dessas tardes sufocantes que tem feito,
certamente teve que ter muita paciência com as tais “Previsões para 2014”. Todos os finais de ano
tem isso. Pai Fulano de Tal jogando búzios, runas, cartas, dados, grãos de
café, grãos de cevada e não sei lá mais o quê. Depois de uma pausa tentando
“ler” o resultado, vêm as profecias. Claro, elas são sempre bem nebulosas e
pouco claras assim, pra que um número maior de pessoas possa ser iludida. Pois
nessa virada de ano também quero fazer minha lista de previsões: Roberto Carlos
irá gravar um especial para a rede Globo; uma pessoa famosa do mundo artístico
brasileiro irá morrer; o salário mínimo será insuficiente para o mês inteiro;
escândalos políticos irão estourar no Brasil...
Seria muito
bom se todas essas minhas “previsões” dessem errado, no entanto, dado que todos
os anos acontecem essas coisas, acho que podemos afirmá-las sem muito medo de
errar. Enfim, se você é mais um daqueles entusiastas, que acha que teremos um
mundo diferente em 2014, não sonhe alto demais. Procure passar a virada de ano
na companhia de amigos ou familiares, descanse e tente recarregar as baterias.
Esteja pronto para os problemas que virão bater à porta de todos nós no próximo
ano. Eles sempre vêm. Até 2014. Fui.
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