quinta-feira, 7 de julho de 2011

Bastidores do cronista: 01 ano de Eco Serrano



Esta semana o Eco Serrano está completando seu primeiro ano de existência. Lembro-me muito bem quando, há um ano, surgiu a ideia de que eu colaborasse semanalmente com o jornal, escrevendo crônicas sobre assuntos os mais diversos. Já que se tratava de algo novo para mim, considerei interessante o desafio. Depois das primeiras edições, apesar de o jornal ser semanal, me flagrei pensando se teria de fato sobre o que escrever, todas as semanas, sempre um assunto novo. Percebi logo de cara que teria que estar sempre lendo muito, pesquisando e sobretudo prestando atenção nos fatos ao meu redor. Cada acontecimento, por mais insignificante que fosse, poderia render reflexões e uma possível crônica.
Hoje, e 50 textos depois, já não preciso investir tanto tempo como no início. Na verdade, a cada semana existem diversos assuntos ou temas sempre na fila, aguardando que eu encontre a melhor forma de explorá-los e os apresente a você, leitor de todas as semanas. Aliás, quero aproveitar e agradecer a todas as manifestações de carinho e elogios que tenho recebido ao longo deste primeiro ano. Algumas vezes sou abordado por pessoas que nem conheço, que sempre citam meus textos e afirmam que me acompanham em todas as edições.
É sempre muito bom escutar elogios, todos gostamos disso. Durante este primeiro ano do Eco Serrano, também não foram poucas as críticas, alguns desentendimentos e até algumas discussões, dada a natureza polêmica de alguns assuntos sobre os quais tenho sempre escrito, e que me atraem muito. Um dos textos mais comentados foi sem dúvida aquele sobre o Natal, em que cheguei a receber alguns e-mails me tachando de revoltado e pedindo pra que eu parasse de escrever “tanta bobagem no jornal”! Entendo que vivemos todos numa sociedade e país onde existe liberdade de expressão, ou pelo menos deveria existir. Escrevo o que penso sobre o mundo e sobre o ser humano. Escrevo sobre o que acredito e também sobre o que não acredito e você leitor, pode sempre concordar ou não. Só não admito que sejas mal educado!
A leitura e a escrita são formas de expressão e de arte que me fascinam desde que comecei a frequentar a escola e me vi então capaz de ler as primeiras palavras. Todos os livros, placas de trânsito, etiquetas e rótulos de produtos, antes misteriosos e cheios de segredos, agora se revelavam para mim. Todo um universo antes enigmático e inacessível se iluminava: eu sabia ler! Durante os primeiros anos na escola, minha professora era também minha tia, e acredito que isso favoreceu em muito o despertar dessa intimidade com os livros e com a literatura.
Seguidamente minha tia pegava livros de nossa minúscula biblioteca e os levava para casa, onde lia em voz alta para mim muitas histórias infantis, principalmente alguns clássicos de Monteiro Lobato como “O Saci”, “A chave do tamanho” e outros. Daí para as histórias em quadrinhos e outros livros de maior volume foi um passo. Sei que devo minha formação e todo o conhecimento que hoje possuo a muitas pessoas, mas os livros também tiveram e continuam tendo um papel tão importante quanto, ou talvez até mais importante. No que diz respeito ao desenvolvimento da capacidade de raciocínio, do pensamento e principalmente como meio de educação, nenhuma outra atividade se compara à leitura.
É por meio dela que passamos a entender melhor o mundo, ficamos a par das ideias de outras pessoas, aprendemos a relativizar nossos conceitos e crenças pessoais. Através da leitura nos damos conta do quanto é pequeno o “nosso mundinho particular”, com suas manias, teimosias e ideias muitas vezes preconceituosas. Quem não lê não consegue dialogar, não consegue debater nem discutir produtivamente. A leitura forma nosso caráter e nossa personalidade. A falta dela nos deforma, nos relega a uma condição em que vivíamos há milhares de anos, quando ainda nem tínhamos escrita e éramos selvagens.
Se hoje dispomos de toda a moderna tecnologia a nosso serviço, precisamos lembrar que tudo teve início quando aprendemos a pensar, quando começamos a escrever e registrar o conhecimento adquirido, para que as futuras gerações pudessem aprimorá-lo. A biologia, através de incontáveis gerações, nos deixou mais fortes e mais inteligentes, mas foi a escrita e a leitura que nos tornaram verdadeiramente humanos.

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