sexta-feira, 30 de julho de 2010

A capital da matança.


Há algum tempo neste blog, escrevi que a espécie humana provavelmente não terá muito tempo mais no planeta. Esta semana leio, estarrecido, sobre esta cidade de nome Kasen Numa, no Japão. Kasen Numa se orgulha de ser a capital internacional do shark finning, uma técnica de pesca na qual os tubarões são capturados e suas barbatanas são cortadas. Geralmente, os animais mutilados são devolvidos de volta ao mar, onde morrem após alguns dias, em meio a terríveis sofrimentos.
Por quê tamanha maldade? Nenhum animal que conhecemos é capaz de tais atos de barbárie. Nós somos. No continente asiático, a matança de tubarões ocorre em escala industrial. No cais do porto de Kasen Numa, cerca de 75 toneladas de tubarões são “processadas” a cada dia. Em meio às fileiras de corpos empilhados, operários circulam em silêncio, cortando as barbatanas e colocando-as em baldes.
Estima-se que o tubarão cabeça-de-martelo tenha diminuído em cerca de 98%, estando com os dias contados. Não existe a menor possibilidade de se sustentar, uma atividade que mata 100 milhões de animais por ano. A extinção é iminente e inevitável, levando em conta o atual estado de coisas. A ganância econômica sustenta um mercado milionário: uma única barbatana de tubarão-baleia, um dos maiores, pode custar até 10.000 dólares. A prática do shark finning existe há vários séculos, entretanto novas tecnologias têm expandido a matança a níveis jamais atingidos.
Por incrível que pareça, muitas indústrias da pesca no Japão e outros países da Ásia, mantém as portas abertas à visitação dos turistas, para que possam presenciar o sangrento espetáculo, do qual se orgulham. As barbatanas, depois de passarem por um processo de secagem, são utilizadas como ingrediente principal da sopa de barbatana de tubarão, vendida em alguns países por até 400 dólares um único prato. Nutricionistas atestaram um baixíssimo valor nutricional na sopa. O consumo acontece muito mais devido a uma alegada “tradição” culinária, em que se acredita que as barbatanas possuam certos poderes medicinais, servindo até mesmo como afrodisíaco.
Aqui, do outro lado do mundo, assistimos impotentes enquanto milhões de animais são mortos de forma desumana e desnecessária. O pior de tudo é que com frequência escutamos alguém dizer que “é bom mesmo! Pra que servem os tubarões afinal de contas?”
Atualmente, sabe-se que todas as espécies do planeta estão interligadas. Pouco importa que nós vivamos em terra, se espécies marinhas forem extintas, sofreremos as conseqüências dentro de pouco tempo. E pensar que os tubarões são verdadeiros sobreviventes: já existiam na época dos dinossauros, há milhões e milhões de anos, quando nenhuma espécie “inteligente” vivia no planeta. Agora, são levados à extinção por nós, uma espécie muito nova ainda, e que se gaba de sua “inteligência” superior. Gosto de dizer que temos um cérebro grande, com potencial para sermos inteligentes, mas não o somos!
Todas as formas de vida são importantes para o equilíbrio na Terra, desde as mais simples às mais complexas. Temos um tesouro de vida de valor inestimável ao nosso redor. Infelizmente, não temos sabido cuidar dele.

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