quinta-feira, 15 de julho de 2010

Considerações sobre a velhice.


Antisa Khvichava, nascida em 8 de julho de 1880, na antiga República Soviética da Geórgia, completou 130 anos de vida na semana passada, tornando-se a pessoa mais velha do mundo. A velha senhora, que vive num vilarejo isolado nas montanhas, ainda passeia ocasionalmente pela casa, com o apoio de uma bengala. É difícil sequer imaginarmos uma vida tão longa.
Desde sempre, as pessoas almejam viver muito, poder testemunhar os acontecimentos à sua volta, poder desfrutar das alegrias do cotidiano ou simplesmente celebrar o fato de estarem vivas. Atualmente, a ciência acredita que muito em breve poderemos viver 200, 300 anos até. Outro dia ainda li a opinião de um especialista sobre este assunto. Dizia ele que muito provavelmente já nasceu esta pessoa que viverá até os 300 anos.
Trata-se de algo verdadeiramente espantoso, considerando-se que somente há alguns séculos a expectativa de vida das pessoas girava em torno dos 30 ou 40 anos. Nossa expectativa de vida tem aumentado progressivamente na mesma proporção em que avançam os recursos da medicina e as comodidades da vida moderna. Cada vez mais, toda sorte de máquinas e tecnologias digitais se encarregam de trabalhar para nós, fazendo com que possamos nos poupar de afazeres penosos ou entediantes.
Porém, levando-se em conta os processos biológicos naturais que ocorrem com o nosso corpo quando envelhecemos, convém perguntarmos: é realmente bom viver tanto assim? Não se conhece hoje nenhuma ciência capaz de nos fazer chegar aos 300 anos de idade com o mesmo corpo que tínhamos aos 30! Talvez, num futuro distante, a manipulação genética possa realizar tal milagre.
São muitas as limitações advindas da velhice: perda gradativa da visão e da audição, lentidão do raciocínio, perda da memória, atrofiamento parcial dos músculos do corpo, artrites... Além desses problemas físicos, ainda precisamos considerar seriamente a questão da auto-imagem. Dependendo do grau de importância da aparência física e da beleza, a velhice poderá ter diferentes efeitos psicológicos nas pessoas.
Vivemos num tempo em que a mídia, em especial a TV, supervaloriza o jovem, a beleza física, os corpos sarados. Nos espaços comerciais, por exemplo, praticamente não existem anúncios de produtos destinados aos velhos, e quando aparecem, são quase sempre de sentido negativo, tais como tinturas para cabelo, medicamentos para tratamento de artrites e até cadeiras de rodas...
A preocupação com a aparência física é válida, faz com que nos sintamos bem e eleva nossa auto-estima, mas é preciso considerar também o “conteúdo mental”, refletir sobre esta fase da vida, se estamos sendo produtivos ou se simplesmente “existimos”. Os adolescentes são muito criticados por gastarem muito tempo e dinheiro com a aparência e se preocuparem pouco ou nada com o que se passa em suas “cabecinhas”. Esquecemos que tanto jovens quanto velhos precisam dar atenção tanto à sua aparência externa quanto interna, procurando manter uma mente sadia e funcional por meio de atividades físicas ou intelectuais, tais como boas leituras, ouvir música, jogos que envolvam o raciocínio, como o xadrez, filmes ou mesmo simples palavras cruzadas.
Mais do que nossa aparência física, acredito que o fator determinante para envelhecer de forma natural e sem traumas seja manter nosso cérebro sempre em constante atividade, pois a mente humana é capaz de realizar maravilhas quando estimulada, nos impulsionando sempre em frente, aonde nossa curiosidade nos levar.

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