Desde os anos
90 já passamos por pelo menos meia dúzia de profecias de que o mundo acabaria. Se
o mundo acabasse de fato, com a Terra aniquilada de maneira cinematográfica por
algum evento cósmico, seria uma grande perda, considerando os milhares e
milhares de especies animais e vegetais que aqui construíram seu lar, desde
tempos inimagináveis. Este porém, não é o único cenário possível quando se
pensa num evento desta natureza.
Uma hipótese
bem mais provável para o fim do mundo é a extinção não do planeta em si, mas
sim da raça humana. Neste caso, é de se lamentar que não ocorra de fato! Quanto
mal já fizemos à Terra, quanto dano, quanta poluição. Por nossa causa, um
número incalculável de especies animais e vegetais desapareceu por completo ao
longo dos séculos. Nossa ganância, soberba e egoísmo não possuem limites. Nos
consideramos os senhores absolutos, os únicos merecedores de herdar o planeta e
tudo o que nele existe. Nas falas sobre o “fim do mundo”, nunca escutei nenhum
comentário sobre formas de salvar algum animal ou planta. Todos os argumentos
são em nosso favor, nos reservamos ao direito de ocupar um improvável trono,
como se fôssemos os reis do pedaço.
Não admira que
seja assim. Em qualquer planeta onde exista vida, a especie detentora de maior
inteligência será sempre a mais danosa, a mais predadora, a mais poluidora. Não
se alcança a supremacia e a dominância sem destruir os concorrentes ou esgotar
os recursos naturais. Por mais que se façam profecias sobre o fim, que se
discuta o assunto à exaustão, o certo é que nenhuma especie dura para sempre.
Os dinossauros, por exemplo, reinaram magnânimos durante milhões de anos e
foram extintos. Durante todo esse tempo, eles viveram em harmonia com o meio
ambiente, pois não havia produção de poluentes, gases tóxicos provenientes da
queima de combustíveis, destruição de florestas ou resíduos radioativos.
Quanto a nós,
estamos por aqui há cerca de duzentos mil anos, uma ínfima fração do tempo que
duraram os dinossauros, e quanto estrago já causamos. É óbvio que nossa especie
terá um reinado muito curto sobre a Terra. Da forma como a população humana vem
crescendo, apenas mais uns poucos séculos serão necessários para que nosso
estilo de vida esgote por completo os recursos do planeta. Não se está falando
aqui de “se vai acontecer”, mas de “quando vai acontecer”. É apenas uma questão
de tempo. Nossa sobrevivência não está atrelada à vontade de nenhum duende,
fada ou deus. Depende unicamente da forma como nos comportamos, como
gerenciamos os recursos necessários à nossa existência. Com o passar dos
milhares de anos, a tecnologia vem evoluindo e nos tornando cada vez mais
dependentes e preguiçosos. Há uns poucos séculos não havia tantos obesos quanto
hoje. Quanto maior a população e o nível de conforto, maior a poluição, a
escassez de alimentos e a possibilidade de surgirem vírus devastadores.
Fala-se tanto
no “fim do mundo”, porém poucos ponderam que talvez o mundo já tenha acabado.
Acabou quando deixamos de acreditar em nós mesmos e na nossa capacidade de
sermos bons, para acreditar em deuses, anjos e seres que supostamente nos
protegem o tempo todo. Não precisamos cuidar de nós nem do nosso planeta, tem
alguém que cuida! Não precisamos nem mesmo ser bons, podemos cometer as maiores
barbaridades e depois nos “arrependermos”, que Deus então, mais uma vez,
cuidará de nós. Nosso comodismo, crenças e superstições acabaram com nossa
capacidade de pensar, de raciocinar e quem não pensa não sobrevive por muito
tempo.
Daqui a poucos
dias, quando o 21 de dezembro finalmente chegar, não testemunharemos nenhum
cometa gigantesco cruzando os céus, não veremos nenhuma explosão magnífica
daquelas de cegar a visão, nem seremos desintegrados por algum buraco negro
devastador. Quando acordarmos e sairmos da cama, veremos o mesmíssimo cenário
que estamos acostumados a ver todos os dias. De tanto falar e até esperar pelo
fim do mundo, nem percebemos que já aconteceu. Estamos há muito tempo
condenados.
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