A inveja é,
muito provavelmente, o mais pernicioso dos sentimentos humanos. Ela está
presente em todas as esferas da vida em sociedade e é quase certo que cada um
de nós invejará alguém em algum momento da vida, ou será invejado. A inveja se
manifesta de muitas formas diferentes, dependendo da sua intensidade e da
situação envolvida. Embora vista sempre de forma condenável, existe a inveja
produtiva, aquela que nos impulsiona em direção à conquista de algum bem
material ou imaterial. Para entendermos como esse sentimento corrói e prejudica
a vida de quem o cultiva, é preciso inicialmente analisarmos como ele acontece.
Imagine que
seu vizinho, colega de trabalho ou conhecido apareça com um carro zero
quilômetro. Logo de cara você ardentemente deseja ter igual ou melhor e fica
até feliz com a conquista do outro. Esse desejo de possuir um bem ou de
alcançar o status social de alguém é muitas vezes confundido com inveja. Isso
se chama ambição e faz com que nos esforcemos para também conseguir o que o
outro conseguiu. Inveja é quando você vê o outro comprar aquele carrão e deseja
com todas as suas forças que ele sofra um acidente terrível em que o carro seja
destruído completamente e ainda cause a sua morte.
O sentimento
de inveja floresce em abundância em todos os lugares, porém não existe terreno
mais fértil que o ambiente de trabalho. Numa empresa onde trabalham 30 ou 50
pessoas, todos os dias existe alguém invejando e sendo invejado. Basta que o
colega apareça com uma roupa nova, faça uma viagem de férias, conquiste um novo
amor ou simplesmente se destaque de alguma forma e pronto. Logo será alvo dos
invejosos. A inveja é uma doença. Quem a sente fica cego e não consegue
perceber que o maior prejudicado é ele mesmo. Modernamente, algumas pesquisas
sugerem que a inveja, quando alimentada durante muito tempo, pode se manifestar
na forma de alguma doença física. Inveja dá câncer.
O pior é que o
invejoso não consegue identificar que o problema não é com o outro, mas com ele
próprio. Pessoas inseguras e que possuem baixa autoestima estão mais propensos
a sentir inveja. A inveja é uma confissão de inferioridade. Inveja e falsidade
andam sempre de mãos dadas por aí. Desconfie seriamente daquela pessoa que está
toda hora elogiando, bajulando ou se mostrando toda solícita. Esse é um sério
candidato a querer te apunhalar pelas costas, quando surgir a oportunidade
apropriada. Para a psicologia, a inveja é um dos mais antigos sentimentos
humanos e existe desde que somos bebês. De acordo com Freud, a criança sente
inveja do seio da mãe, que a alimenta e fornece aconchego.
Dentro do
nosso cérebro, nas regiões onde são processadas as emoções, o local que mostra
maior atividade cerebral quando sentimos inveja é o mesmo que se manifesta
quando sentimos alguma dor, como uma pancada ou um corte, por exemplo. A inveja
é um tipo de dor, de agonia, de sofrimento. A pessoa acometida por esse mal
precisa estudar sua própria personalidade, seu comportamento, e assim encontrar
formas de superar a inveja, renovando sua autoestima e sua autoconfiança e
passando a ter mais disposição e alegria de viver. Talvez a principal forma de
se curar da inveja seja a constatação do mal causado por ela, não para o
invejado, mas para o próprio invejoso. Costuma-se dizer que se inveja desse
cadeia, pouca gente ficaria de fora dos presídios. Numa sociedade capitalista e
consumista onde o ter significa prestígio e status, a inveja já virou epidemia.
Muitas pessoas se esquecem de pagar contas, se esquecem dos afazeres
necessários até para sua sobrevivência, porque estão muito ocupados em “secar”
o outro e desejar que se dê muito mal, pois só na infelicidade alheia é que
sentirão eles mesmos um pouquinho de felicidade. Uma felicidade doentia e
passageira, logo substituída pela velha e renovada inveja.
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