quarta-feira, 7 de maio de 2014

Educação em tempos digitais



Somente nos últimos dez ou quinze anos as tecnologias da informação e da comunicação evoluíram em maior proporção do que nos duzentos anos anteriores. A forma como nos relacionamos com o saber e com as outras pessoas mudou radicalmente. Já não se veem mais as acaloradas discussões em torno de uma mesa de bar, para chegar a um consenso sobre quem tem razão sobre tal assunto. Tudo está ao alcance de uns poucos cliques.
Apesar de a vida moderna ter se tornado imensamente mais complexa, a tecnologia chegou para simplificar tudo. Há algumas décadas nosso cérebro precisava armazenar e processar uma quantidade muito maior de informações, hoje só precisamos saber onde procurar essa informação, não há mais necessidade de armazená-la. Num futuro próximo, isso deve trazer implicações enormes no tocante à Educação tradicional, aquela recebida nas escolas.
Ainda que algumas pequenas mudanças venham ocorrendo, muito da vida escolar ainda se resume a receber informações e devolvê-las durante a realização de provas e avaliações, o que está claramente em conflito com o cotidiano de qualquer ser humano da atualidade. O modelo educacional que temos está defasado, necessita ser urgentemente revisto. Não é à toa que a escola esteja se mostrando incapaz de atrair e manter seus alunos.
De outra maneira, apesar de estarmos saturados por informação, o nível de conhecimento e de cultura geral tem decaído consideravelmente. Penso que é o momento de a escola investir menos no repasse de informações e enfatizar o ensino de como pensar e de como selecionar o que pode nos ser útil em meio a esse universo digital. As crianças e adolescentes de hoje crescem e se alfabetizam mediados por uma enorme variedade de gadgets tecnológicos que os mantêm conectados vinte quatro horas por dia. Se por um lado se tornam experts capazes de interagir e apertar botões à velocidade da luz, por outro o pensamento reflexivo, a concentração e a contemplação, elementos fundamentais para a criatividade, acabam ficando comprometidos.
O espaço formativo da sala de aula sempre foi alvo de muitas discussões e debates, o que é plenamente justificável tendo em vista a complexidade do processo ensino-aprendizagem. De acordo com a Psicologia, aprender é uma ciência, porém ensinar é uma arte. Haveria aí, portanto, certa incompatibilidade, certa impossibilidade neste processo. Deste modo, para que a escola tenha sucesso em sua tarefa de educar e de formar, a figura do professor se torna peça chave na medida em que é por meio dele, de sua criatividade e inventividade que ciência e arte devem se fundir para a construção de algo novo e original.
É este o grande desafio que a escola e o professor deverão encarar daqui pra frente: como formar seres humanos sábios, conhecedores e sobretudo pensadores num mundo em que a informação é tão abundante e de fácil acesso em todos os lugares.

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