Somente
nos últimos dez ou quinze anos as tecnologias da informação e da comunicação
evoluíram em maior proporção do que nos duzentos anos anteriores. A forma como
nos relacionamos com o saber e com as outras pessoas mudou radicalmente. Já não
se veem mais as acaloradas discussões em torno de uma mesa de bar, para chegar
a um consenso sobre quem tem razão sobre tal assunto. Tudo está ao alcance de
uns poucos cliques.
Apesar
de a vida moderna ter se tornado imensamente mais complexa, a tecnologia chegou
para simplificar tudo. Há algumas décadas nosso cérebro precisava armazenar e
processar uma quantidade muito maior de informações, hoje só precisamos saber onde procurar essa informação, não há
mais necessidade de armazená-la. Num futuro próximo, isso deve trazer
implicações enormes no tocante à Educação tradicional, aquela recebida nas
escolas.
Ainda
que algumas pequenas mudanças venham ocorrendo, muito da vida escolar ainda se
resume a receber informações e devolvê-las durante a realização de provas e
avaliações, o que está claramente em conflito com o cotidiano de qualquer ser
humano da atualidade. O modelo educacional que temos está defasado, necessita
ser urgentemente revisto. Não é à toa que a escola esteja se mostrando incapaz
de atrair e manter seus alunos.
De
outra maneira, apesar de estarmos saturados por informação, o nível de
conhecimento e de cultura geral tem decaído consideravelmente. Penso que é o
momento de a escola investir menos no repasse de informações e enfatizar o
ensino de como pensar e de como selecionar o que pode nos ser útil em meio a
esse universo digital. As crianças e adolescentes de hoje crescem e se
alfabetizam mediados por uma enorme variedade de gadgets tecnológicos que os mantêm conectados vinte quatro horas
por dia. Se por um lado se tornam experts
capazes de interagir e apertar botões à velocidade da luz, por outro o
pensamento reflexivo, a concentração e a contemplação, elementos fundamentais
para a criatividade, acabam ficando comprometidos.
O
espaço formativo da sala de aula sempre foi alvo de muitas discussões e
debates, o que é plenamente justificável tendo em vista a complexidade do
processo ensino-aprendizagem. De acordo com a Psicologia, aprender é uma
ciência, porém ensinar é uma arte. Haveria aí, portanto, certa
incompatibilidade, certa impossibilidade neste processo. Deste modo, para que a
escola tenha sucesso em sua tarefa de educar e de formar, a figura do professor
se torna peça chave na medida em que é por meio dele, de sua criatividade e
inventividade que ciência e arte devem se fundir para a construção de algo novo
e original.
É
este o grande desafio que a escola e o professor deverão encarar daqui pra
frente: como formar seres humanos sábios, conhecedores e sobretudo pensadores
num mundo em que a informação é tão abundante e de fácil acesso em todos os
lugares.
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