
Hoje, duas décadas depois, muito
do que foi profetizado pelo genial diretor parece estar se materializando em
muitas partes do mundo, inclusive no Brasil. A falência das instituições públicas
e o crescente desprezo pela vida e pela dignidade humanas desembocou num estado
de caos social em que praticamente tudo é permitido. Esquecido e abandonado
pelo Estado, o cidadão comum se debate em meio às injustiças sem fim de cada
dia, sem que encontre amparo legal.
De outra forma, nossos gestores, aqueles
que deveriam zelar e proteger a sociedade a partir de seus pilares
fundamentais, regozijam-se com as benesses do dinheiro público e elegem eles
mesmos prioridades que deveriam ser escolhidas por todos nós. A construção de
mais e melhores hospitais e escolas, bem como a ampliação e melhoria de nossas
estradas e a valorização profissional dos servidores cede lugar à realização de
megaeventos esportivos que consomem bilhões e bilhões de reais. Gasta-se
fortunas babilônicas para maquiar e travestir o Brasil de pujante e poderoso
enquanto nas nossas ruas e casas as pessoas continuam a morrer de forma
estúpida e desnecessária.
O crescente acesso aos meios
digitais e à internet, que deveria contribuir para disseminar o conhecimento e
a solidariedade, tem se mostrado um instrumento valioso em prol do preconceito
e da organização de grupos criminosos. Tragédias como a que vitimou o
cinegrafista da Rede Bandeirantes já se tornaram rotineiras e se banalizaram,
tal a quantidade de crimes que ocorrem a cada minuto pelo país afora e que
assumem nuanças por vezes inacreditáveis.
Ao contrário do que apregoam as
chamadas publicitárias sensacionalistas veiculadas pelo governo, que não se
cansam de mostrar um país de paisagens exuberantes e seu povo "trabalhador
e hospitaleiro", o Brasil está na UTI e respira com ajuda de aparelhos.
Produzimos milhões de barris de petróleo anualmente, porém temos o combustível
mais caro do mundo. Nossa rede de celular e internet é caríssima e os serviços,
péssimos. Nossas estradas e aeroportos estão em estado de calamidade. Não temos
Educação, temos educação. A julgar pelo que se vê diariamente ao nosso redor, o
país fictício imaginado por Kubrick para seu filme bem que poderia ser o nosso.
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