terça-feira, 19 de novembro de 2013

O vazio das emoções



Não tenho dúvidas de que vivemos uma época de excessos e esquisitices as mais diversas. Uma prova disso é a proliferação de vídeos na internet, em que são mostrados tablets, telefones celulares, consoles de videogames e outros dispositivos de alta tecnologia sendo destruídos. Tiros, explosões, fornos de micro-ondas, marretadas, machadadas; vale a criatividade para transformar os mais recentes lançamentos do mercado em montes de ferro velho inútil, isso se é que já não o eram antes.
E se a esta altura você estiver se perguntando qual a finalidade disso, comprar produtos para depois destruí-los, imagine que existem pessoas que não conseguem ver tais cenas, alegando estarem arrasadas emocionalmente! Nos últimos meses me peguei pensando nisso por longo tempo e tentando entender tanto o primeiro quanto o segundo caso, sem muito sucesso. Tudo o que consegui foi formular algumas teorias, por certo desconcertantes.
Em primeiro lugar, quem se diz comovido ao ver um aparelho qualquer sendo destruído, provavelmente já perdeu muito de sua humanidade e sensibilidade. Um Ipad, Iphone ou seja lá o que for é simplesmente uma máquina construída a partir de um projeto idealizado por engenheiros. Por mais que se destrua, há milhões iguaizinhos e sempre será possível construir novas unidades, nada se perde a não ser a matéria-prima utilizada e alguma mão de obra.
Por outro lado, a vida de qualquer ser humano e de qualquer animal é única e absolutamente insubstituível. Todas as vezes que uma forma de vida deixa de respirar e morre, jamais existirá outra igual, em qualquer tempo no futuro e em qualquer lugar que imaginemos, seja neste planeta ou em outro. Com a mudança de hábitos do homem moderno, que passa horas e horas de seu dia processando informações digitais, parece que perdemos a capacidade de nos importar, admirar e nos comover com a vida para idolatrar amontoados de circuitos eletrônicos, placas e processadores. Aos poucos estamos nos desumanizando, motivados por nossa ganância e nosso egoísmo.
Precisamos buscar formas de nos desapegarmos da tecnologia para nos apegarmos aos nossos amigos, irmãos, pais, familiares e outros seres humanos como nós, assim como às outras espécies com as quais dividimos nosso planeta. Por mais que a tecnologia seja benéfica e útil, ela está aí para nos servir e não para ser adorada ou para que derramemos lágrimas por ela. Guardemos nossas lágrimas para os momentos que realmente contam: para celebrar com os amigos, para confraternizar com as pessoas que amamos, ou para a noite enluarada e salpicada de estrelas, quando olhamos para o céu e nos damos conta da beleza do Universo.

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