Não tenho dúvidas de que vivemos uma
época de excessos e esquisitices as mais diversas. Uma prova disso é a
proliferação de vídeos na internet, em que são mostrados tablets, telefones
celulares, consoles de videogames e outros dispositivos de alta tecnologia
sendo destruídos. Tiros, explosões, fornos de micro-ondas, marretadas,
machadadas; vale a criatividade para transformar os mais recentes lançamentos
do mercado em montes de ferro velho inútil, isso se é que já não o eram antes.
E se a esta altura você estiver se
perguntando qual a finalidade disso, comprar produtos para depois destruí-los,
imagine que existem pessoas que não conseguem ver tais cenas, alegando estarem
arrasadas emocionalmente! Nos últimos meses me peguei pensando nisso por longo
tempo e tentando entender tanto o primeiro quanto o segundo caso, sem muito
sucesso. Tudo o que consegui foi formular algumas teorias, por certo
desconcertantes.
Em primeiro lugar, quem se diz comovido
ao ver um aparelho qualquer sendo destruído, provavelmente já perdeu muito de
sua humanidade e sensibilidade. Um Ipad, Iphone ou seja lá o que for é
simplesmente uma máquina construída a partir de um projeto idealizado por
engenheiros. Por mais que se destrua, há milhões iguaizinhos e sempre será
possível construir novas unidades, nada se perde a não ser a matéria-prima
utilizada e alguma mão de obra.
Por outro lado, a vida de qualquer ser
humano e de qualquer animal é única e absolutamente insubstituível. Todas as
vezes que uma forma de vida deixa de respirar e morre, jamais existirá outra
igual, em qualquer tempo no futuro e em qualquer lugar que imaginemos, seja
neste planeta ou em outro. Com a mudança de hábitos do homem moderno, que passa
horas e horas de seu dia processando informações digitais, parece que perdemos
a capacidade de nos importar, admirar e nos comover com a vida para idolatrar
amontoados de circuitos eletrônicos, placas e processadores. Aos poucos estamos
nos desumanizando, motivados por nossa ganância e nosso egoísmo.
Precisamos buscar formas de nos
desapegarmos da tecnologia para nos apegarmos aos nossos amigos, irmãos, pais,
familiares e outros seres humanos como nós, assim como às outras espécies com
as quais dividimos nosso planeta. Por mais que a tecnologia seja benéfica e
útil, ela está aí para nos servir e não para ser adorada ou para que derramemos
lágrimas por ela. Guardemos nossas lágrimas para os momentos que realmente
contam: para celebrar com os amigos, para confraternizar com as pessoas que
amamos, ou para a noite enluarada e salpicada de estrelas, quando olhamos para
o céu e nos damos conta da beleza do Universo.
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