sexta-feira, 21 de junho de 2013

Por um Brasil diferente



Na hoje distante década de 80, época em que Lula e os seus militavam nos movimentos sindicais, o PT ficou famoso por um de seus jargões mais conhecidos, o de “lutar contra tudo isso que está aí!”. Tempos depois, com a ascensão do partido, que aos poucos foi galgando posições até ocupar o cargo máximo da nação, aqueles ideais de oposição ao poder instituído foram se esvaziando, sem que nada passasse a preencher o seu lugar. De repente o PT não lutava mais contra, era ele mesmo “isso tudo que está aí!”. Sem uma ideologia e práticas que viessem a satisfazer os anseios da população, fatalmente sobreveio a corrupção, como aliás sempre acontece em tais casos.
Os movimentos populares que agora se vê tomarem as ruas do país inteiro não aconteceram de uma hora para outra: são o resultado de décadas de um país doente, uma ferida que esteve muito tempo incubando e agora estoura, fazendo o mau cheiro se espalhar. Dentre todos os países do mundo, estamos entre os primeiros como os maiores pagadores de impostos. Paga-se muito e a todo momento, para se ver poucos resultados. Saúde precária, transporte público ruim e caro, educação péssima. Enquanto isso, nossos administradores preferem investir nosso suado dinheiro em grandes eventos esportivos, conceder isenção fiscal às grandes empresas ou torrar recursos em obras de pouca ou nenhuma utilidade. Somos um país que tira dos pobres para dar aos ricos.
Um telefone celular de última geração, que custa cerca de R$ 400,00 nos Estados Unidos, aqui custa R$ 2000,00. Cinco vezes mais! Andamos por estradas esburacadas e perigosas mas nosso combustível é o mais caro do mundo e o valor de nossos carros carrega 50% só de impostos. Na Constituição Federal (esse documento ainda existe?!) consta que “o direito de ir e vir é sagrado”, porém nossas rodovias estão cheias de praças de pedágio, em que se nos recusarmos a pagar, não poderemos “ir nem vir” com liberdade. Políticos e administradores públicos, há muito julgados e condenados, ocupam cargos de prestígio e legislam para nós. As ditas “bancadas evangélicas” contaminam as esferas municipais, estaduais e federal, com suas ideologias e ideias de jirico. Chega-se ao cúmulo de considerar a sexualidade humana como algo invariável e imutável, enquanto sabemos que se trata de um comportamento em grande parte socialmente instituído. Sexualidade é algo muito mais amplo que gênero sexual, muito mais abrangente e que apresenta inúmeras facetas, todas determinadas pelas funções biológicas, pelo meio em que vivemos, pelas crenças individuais e um longo etc.
Dada a personalidade pachorrenta do povo brasileiro, é costume se acomodar e aceitar tudo que nos é metido goela abaixo, porém a paciência um dia chega ao seu limite. Antes de gastar com futebol, carnaval e cerveja, é preciso que se invista nas necessidades mais básicas. As ruas estão afogadas de carros, o trânsito não flui, os ônibus estão abarrotados, assim como os corredores dos hospitais e as escolas. Gente que precisa do melhor e está recebendo o pior, e isso há décadas! Até quando? Cedo ou tarde o povo iria se manifestar de forma legítima e cidadã, clamando pela mudança. Durante algum tempo, estaremos em desordem, para que o progresso talvez apareça, enfim. Apesar de ter outras caras, o “tudo isso que está aí” continua necessitando de mudanças. E muitas.

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