quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Crônica de escola



Estamos na reta final de mais um ano escolar. Para os professores, é um período em que todos estão trabalhando no seu limite. Sob a pressão e a correria incessante de todos os dias, não é preciso muito para que os ânimos se alterem. Todos os anos, as últimas semanas de aula são sempre um desafio a mais para esses corajosos.
Para os alunos que se formam e deixam a escola rumo à universidade, é um tempo de transição, de muitas mudanças. A maioria de nós nunca morou longe dos pais e agora terá que aprender a seguir seu caminho. Quase que diariamente seremos postos à prova. Os testes, até agora aplicados apenas pelos professores, passarão a ser aplicados pela vida, a maior e melhor escola que um dia ousaremos frequentar. Durante toda a carreira escolar até o final do Ensino Médio, quantas vezes precisamos do chacoalhão de nosso pai ou mãe, ou de ambos, para que fizéssemos aquele trabalho esquecido, para que melhorássemos nossas notas no boletim, frequentemente manchado de vermelho, ou simplesmente para que fôssemos para a escola.
Quando ainda éramos pequenos, quem não se lembra da alegria que encheu nosso peito quando da expectativa pelo primeiro dia de aula. Como seria lá? Quem seriam nossos coleguinhas? Quem seria nossa professora? Como será que se aprendia a ler? Ler parecia algo muito difícil. Durante nossa trajetória subindo pelas séries à medida que crescíamos, aquele lugar antes tão atrativo de repente começou a se tornar chato. Aos poucos, fomos aprendendo que o tempo de criança vai passando e nos conduzindo a um mundo onde reinam os adultos. Aquele nosso mundinho colorido vai se acinzentando. As responsabilidades e cobranças vão crescendo junto conosco.
Os bons tempos da primeira série, os namorinhos, ficaram para trás. Num piscar de olhos já estamos na quinta e a coisa começa a se complicar. Em vez daquela nossa profe tão querida, agora temos um profe para cada matéria, e alguns nada simpáticos ainda por cima! Chega a oitava série e com ela algumas tristezas. Colegas de anos são reprovados e ficam perdidos pelo caminho. Seguimos adiante, rumo ao tão esperado Ensino Médio. Não somos agora nem crianças nem adultos. Muitos nos chamam de “aborrecentes”. Ô fase complicada. Pais enchendo o saco o tempo inteiro, nossa cara mais parece um queijo suíço, cheia de espinhas, provas dificílimas pra estudar e pra piorar ainda mais, aquela colega que a gente adora não nos dá a mínima. Nessa hora, só se tem certeza de uma coisa: o inferno existe.
No 3º ano, quando finalmente nos formamos e poderemos então dizer adeus àquele lugar tão odiado, começamos inexplicavelmente a sentir saudades. Assim, de uma hora pra outra, aqueles professores que tanto nos infernizaram passam a ter algum significado concreto em nossa vida. Ah, sei lá, vá entender os sentimentos humanos...
De qualquer jeito, a maior lição que levaremos neste momento são os sorrisos, as amizades que fizemos, os abraços e olhares que trocamos, as lágrimas que derramamos. Daqui pra frente, sabemos que os desafios à nossa espera são grandes. Ao contrário de quem estudou há algumas décadas, que estava pronto para exercer a profissão até se aposentar, nós precisaremos seguir estudando e nos aperfeiçoando pela vida afora. No nosso tempo, tão cheio de mudanças e imprevistos, o aprendizado só adquire sentido se for permanente. Quando teve início a era da industrialização, quem sabia executar determinada tarefa e repeti-la à exaustão, estava com seu futuro garantido. Hoje, a única garantia que temos é que não existem quaisquer garantias.
Para ocupar um lugar de destaque na profissão escolhida e alcançar o sucesso, ser bom naquilo que se faz já não é o bastante. É preciso ter alguma qualidade a mais, algo que nos diferencie dos demais. É preciso administrar a rotina diária, driblar o mau humor, ter espírito de equipe e se necessário for, ocupar postos de liderança e mostrar do que somos capazes. Capacidade de adaptação, organização e principalmente gostar daquilo que se faz estão entre as qualidades mais desejadas. Para aqueles que perseguem seus objetivos e que lutam por eles com perseverança e muita disposição todos os dias, nenhum sonho é grande demais que não possa se tornar realidade.

Um comentário:

Rose Rodrigues disse...

Essa é a mais pura das verdades com as quais me deparo nesse final de 2011. Saudade dos bons colegas de aula, dos professores que nos deixaram saudades, e que um dia, (no meu caso), disseram algo, que levo comigo até hoje e com o passar do tempo, as certezas a respeito daquilo que me falaram, só vem aumentando. Posso citar professora Adiles Schmidt, que um dia falou em sala de aula: "Quem não lê, não tem sobre o que escrever." Claro, que ouvi muito mais de outros professores(as), mas esse foi o período escolar meu, que mais me marcou, eu devia estar na 6ª série.