quarta-feira, 16 de novembro de 2011
O tempo, esse senhor cruel
Não faz muito tempo, havia uma série de documentários que mostrava, por meio de recriações em computador, como seriam alguns dos grandes monumentos e construções notáveis do passado, quando em seu momento de glória, revelando como teria sido sua real aparência. Ao contrário do que hoje se vê, o vale das grandes pirâmides do Egito desfila diante de nós numa multiplicidade de cores exuberantes, templos de belíssima arquitetura, impecavelmente polidos como se fossem de vidro, entremeados por fontes de onde jorra água cristalina. Durante o programa, até mesmo as pessoas ganham vida novamente, com suas vestimentas exóticas, seu modo de vida há muito perdido e sua cultura milenar.
É como se de repente pudéssemos retornar ao passado, tendo acesso a mundos já desaparecidos e de outra forma inacessíveis. Não existe catástrofe ou desastre natural que possa causar maior estrago que a passagem do tempo. O tempo, apesar de invisível e imperceptível aos nossos sentidos, tem o poder de apagar quaisquer vestígios até da mais avançada das tecnologias, esculpir montanhas ou profundos vales. Faz com que nossa pele, antes lisa e tonificada, torne-se marcada pelo peso dos anos. Aos poucos, tarefas que eram para nós rotineiras, vão ficando mais e mais difíceis de serem executadas. O passar dos anos representa uma sentença de morte da qual nenhum de nós poderá escapar.
Se pensarmos por um momento em todas as maravilhas, em todo o poder de abstração e de intelectualidade que o cérebro humano conseguiu alcançar, ao longo de sua evolução, concluiremos facilmente que é algo muito injusto. O tempo que temos para testemunhar a grande aventura humana na Terra é curto demais. Do período da história da Terra que conhecemos, é comum se ouvir falar em milhares ou mesmo milhões de anos. Por que então temos que viver somente 80 ou 90 anos, no máximo? Na escala do tempo em que a Terra existe, uma vida humana representa frações de segundo! Às vezes pensamos que sabemos ou conhecemos muito, porém a quantidade daquilo que conhecemos sobre a história do mundo ou do universo está intimamente relacionada ao nosso tempo de vida em particular. Está confinada à época, aos poucos anos que compreendem a nossa existência.
Podemos comparar essa ideia com uma novela que esteja passando na TV, por exemplo. Durante toda nossa vida, assistiremos apenas alguns poucos capítulos. Não tivemos acesso ao início da história e muito menos teremos ao seu final. Por incrível que pareça, dado o progresso sempre crescente da humanidade, independentemente de que época tenhamos existido, nossa vida sempre chegará ao fim justamente quando a história estiver ficando mais e mais interessante! Apesar disso tudo, acredito que as pessoas que vivem agora podem se considerar privilegiadas, pois se trata de um dos melhores momentos na história da civilização humana, se considerarmos os avanços na área da medicina, da tecnologia e da engenhosidade de nossa espécie. Em nenhum outro momento da história conhecida pudemos viver tantos anos quanto agora. A expectativa de vida está aumentando mais e mais. Quem sabe daqui alguns séculos não estaremos vivendo 500 ou 800 anos?!
A ciência e a medicina modernas têm se empenhado como nunca em prolongar a vida. Hoje, alguns cientistas já se atrevem a afirmar que em pouco tempo teremos a capacidade e tecnologias necessárias para descobrir como frear o relógio biológico, impedindo que nossas células se deteriorem e que nossos órgãos deixem de funcionar. Uma vez vencida esta barreira, quem pode imaginar o que o futuro nos reserva? Claro, à medida que formos avançando em direção ao futuro, muitos desafios se apresentarão a nós, tal como aconteceu no passado. Paralelamente às muitas conquistas alcançadas, é vital que saibamos lidar com o problema do esgotamento dos recursos do planeta, da superpopulação, das guerras e conflitos causados por nossa ganância e tendência natural para a violência.
Comparada a outras espécies, a história do gênero humano mal teve início. Os dinossauros foram os seres dominantes na Terra por cerca de 160 milhões de anos. Quanto a nós, estamos por aqui a apenas uns 200.000 anos. Claro, os dinossauros não tinham automóveis para poluir nem exterminavam outras espécies, como nós. Talvez por isso tenham durado tanto tempo. Comparados a eles, as perspectivas para nós não são lá muito animadoras.
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