quarta-feira, 11 de maio de 2011
Meninas que amam meninas
Estamos em 1969. O cenário é uma imensa fazenda localizada no interior da cidade de Bethel, estado de Nova Iorque. Lá, meio milhão de pessoas assistem, durante três dias ininterruptos, a apresentações de mais de 30 artistas ou bandas. Era o festival de Woodstock, como ficou conhecido, e que se tornaria um marco para a história da música e para toda uma geração, influenciando de forma decisiva no comportamento e cultura que seriam moldados nas décadas seguintes.
Para o público presente ao evento, nada superava a música, em importância. Era principalmente por ela que a multidão estava lá, e é claro, também em prol dos ideais libertários em voga na época. Os artistas nada tinham de bonitos. Alguns, como os músicos da banda Grateful Dead e outros, eram conhecidos por ficar por longo tempo sem nunca tomar um banho. Em meio à lama, suor e outros fluidos corporais, milhares de pessoas se deixavam embalar por aqueles músicos e suas cabeleiras e barbas sujas. Porcos?! Drogados?! Pouco importa os rótulos. Aquilo era música, e das boas, com potencial inclusive para mudar o mundo. E mudou mesmo!
Depois daqueles três dias, como diria minha avó, muita água já passou por debaixo da ponte. Hoje, com exceção de alguns artistas de renome ainda relevantes e em plena atividade, o que se vê é uma grande apelação comercial, muita pose, nenhum senso de ridículo e praticamente nada de música. Os “artistas” masculinos do momento parecem ter sofrido um processo gradativo de feminilização, até culminar em caras como Justin Bieber, Luan Santana, Restart e outras calamidades semelhantes. Como é possível alguém usar uma calça laranja ou roxa e acreditar que está “causando”, como se fala? As letras, que nos tempos áureos do rock setentista ou oitentista eram pra lá de interessantes, agora viraram uma mistura de novela mexicana com trilha sonora do Roberto Carlos ou Julio Iglesias.
Chega de Justin Bieber, Luan Santana e afins! Ninguém em seu juízo perfeito pode se dizer fã de tais “artistas”. Um bando de moleques mimados que foram cuidadosamente esculpidos pela mídia para se tornarem os grandes ídolos de legiões de fãs adolescentes e ingênuas. Justin chegou ao cúmulo de escrever uma biografia. Biografia aos 15 anos de idade, como assim?! Não tô entendendo! Pra contar o quê? Com essa idade, só se for pra contar como aprendeu a amarrar os sapatos, ou ainda sobre seu tipo de esmalte ou batom preferido. Sim, porque eles usam!
É um grande mistério isso de o público feminino atual sentir essa adoração por meninos com cara de meninas. Pelo que pude apurar, parece que o grande iniciador dessa tendência ao visual afeminado foi Michael Jackson, ainda durante os hoje distantes anos 90. Pelo menos ele tinha uma inquestionável habilidade vocal, o que não acontece com os artistas atuais, que não funcionam nem em disco, nem ao vivo. Parece-me também que esse apelo ao exagero visual, às cores que parecem um arco-íris e a tudo mais, se deve ao fato de que falta competência musical. Diferente do que ocorria lá em 1969, no festival de Woodstock, onde o mais importante era a música, agora o mais importante são as carinhas bonitinhas, os rostos que mais lembram menininhas.
No Brasil, como em outros lugares do mundo, volta e meia surgem modismos passageiros. Tais modismos se comportam como as tempestades de areia no deserto: chegam rápido, incomodam muito e de repente passam, tão rápido quanto apareceram. Mas existe uma grande diferença entre os “artistas” em questão e os músicos consagrados, que estão há décadas em atividade, como os Rolling Stones ou o Metallica, por exemplo. Tais ícones da música serão eternos. Muito depois que os músicos já tiverem nos deixado, sua música permanecerá, como aconteceu com os Beatles ou Elvis Presley. Quanto ao Justin e seus amiguinhos, se daqui a 10 anos ainda existir uma entrada com seu nome na Wikipedia, já podem se dar por satisfeitos. É como já diziam os Titãs, em sua famosa letra: “Quinze minutos de fama, depois descanse em paz!”
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário