
Até o final da década de 1980, giz e quadro negro reinaram absolutos na sala de aula. De acordo com o modelo de Educação que se originou na hoje distante era da industrialização, a fonte de todo o saber na Escola é necessariamente o professor. Todo o conhecimento, toda a informação e formação do educando sairá única e exclusivamente do professor. Atualmente, no entanto, essa realidade vem mudando radicalmente, em todo o mundo. É um caminho sem volta.
Ainda em 2005, Portugal registrava os piores índices educacionais da Europa, e sua economia também se encontrava debilitada. A partir daquele ano, em virtude de pesquisas e estudos internacionais, o país passou a investir pesado em tecnologias da informação e da comunicação, levando o computador e o notebook para dentro das salas de aula. Em vez de ficarem ali sentados, enquanto o professor explica e rabisca em uma lousa, os alunos passaram eles mesmos a descobrir e explorar os conteúdos propostos pelo professor. Foi uma revolução. Feitas as modificações necessárias no espaço geográfico da sala de aula, o professor deixou de ser aquele mundo ao redor do qual tudo gira e passou a ser um orientador, motivador e condutor da sua aula. Muito mais do que ler e repassar conteúdos muitas vezes já desatualizados pelo passar do tempo, esse novo professor agora orienta, aconselha, mas também aprende, descobre e se torna ele mesmo um produtor de conhecimento novo.
Esse é o paradigma da Educação que se espera para o século XXI. Entretanto, para que tais mudanças aconteçam, é preciso que o professor tenha vontade, tenha disposição para continuar sempre estudando, e que tenha humildade. É preciso descer do pedestal onde esteve desde que a escola existe. O modelo tradicional, onde o aluno escuta, memoriza, responde uma série de questões, e depois esquece tudo em uma semana, precisa ser urgentemente revisto. Tal modelo de Educação bancária, mecanicista, na qual as pessoas aprendem a ser robôs, já não satisfaz mais essa nova sociedade da informação, na qual todos estamos vivendo. Se queremos preparar nossos filhos, nossos jovens, para que tenham uma vida ativa, atuante e que possam viver com dignidade, estabilidade e felicidade, então precisamos abraçar essa nova tecnologia e fazer com que todos tenham acesso a ela.
É preciso abandonar os tantos preconceitos que se tem. O baú velho, cheio de ideias que temos de cinquenta anos atrás, relativas à Educação, é preciso remexê-lo, jogar fora tudo o que estiver nos atrapalhando e aproveitar as coisas positivas, aquelas que funcionam e que podemos adaptar para esse mundo novo que está aí. Nas tantas conversas e discussões sobre Educação, é flagrante que muitos professores associem o uso do computador em sala de aula com a ideia de “bagunça”, de indisciplina. Essa constatação tem origem na descentralização do poder, que acontece no novo modelo de Educação. As relações de poder entre professor e aluno deixam de ser verticais (professor no topo e aluno lá embaixo), e passam a ser horizontais. Professor e aluno agora num mesmo nível, ambos descobrindo o novo, desbravando esse imenso mar digital. As caravelas que Colombo e Cabral utilizaram para chegar a novos mundos, agora são virtuais. Navegamos num espaço virtual, infinito, mas o professor ainda é o capitão. É ele o responsável por tudo, é ele que orienta, que conduz, que indica o caminho a ser seguido, que ensina onde estão os perigos, as emboscadas e também as recompensas. A necessidade de haver um professor, um educador, não mudou, apenas se transformou com as novas ferramentas tecnológicas.
Quando Henry Ford criou os primeiros automóveis, em substituição às charretes e carroças, falava-se que o ser humano não suportaria velocidades superiores a 50 km/h, que poderia ser fatal. O novo assusta, sempre foi assim. Nos anos 60, quando se falou em ir à lua, muita gente achou que fosse coisa para loucos, que tal projeto jamais seria realizado. Mas é assim que a civilização humana avança, que a qualidade de vida aumenta. Porque existem desbravadores, pioneiros que apostam e acreditam no novo, que vão sempre além, superando suas próprias limitações e a de seus semelhantes. O uso da informática na Educação possibilitará, quem sabe, o próximo passo na evolução humana: passaremos de homo sapiens para homo sapiens universalis. Deixaremos nossa casa, nossa aldeia e faremos todos parte dessa nova e imensa comunidade planetária, onde tudo e todos estão interligados.
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