sábado, 6 de setembro de 2008

O livro na era digital: bits, bytes e páginas encadernadas.


Vivemos tempos memoráveis em que a cada dia parecem surgir novos gadgets, encantadores aparelhos e dispositivos destinados a armazenar uma quantidade cada vez maior de informação. Demorou um tempo considerável para que o computador se popularizasse e se tornasse algo que de repente passou a ser indispensável às pessoas, porém a evolução das modernas tecnologias acontece a uma velocidade espantosa: há dez anos um disco rígido de computador possuía uma capacidade de armazenamento de cerca de 4 gigabytes, hoje temos diminutos pen drives com uma capacidade de 8 gigas e discos rígidos de 500 gigas!!!
A pergunta sempre presente é: onde iremos parar? Parece não haver mesmo limites. A idéia que rege o mundo globalizado é, basicamente, armazenar um montante cada vez maior de informação num espaço cada vez menor. Daí o intelecto humano trabalha sempre no sentido da miniaturização, perseguindo o sonho de construir aparelhos que sejam “pequenos por fora e grandes por dentro”, possibilitando, por exemplo, carregar tranquilamente uns 600 livros armazenados num pen drive, uma verdadeira biblioteca no bolso!
Mas e o livro como o conhecemos, será que está com os dias contados, condenado a ser encontrado logo nos próximos anos somente em algum museu? Acredito mesmo que não. O livro impresso em papel e o computador são diferentes tecnologias que se complementam, uma não excluindo a outra, mas abrindo novas e interessantes possibilidades. A partir da leitura de um livro, posso encontrar outros livros e consultá-los em bibliotecas online, comprá-los numa livraria virtual, fazer download da versão digital e gravar num CD-ROM ou DVD, enfim tenho muito mais opções, dependendo dos meus interesses e das minhas necessidades naquele momento enquanto leitor casual, estudante, pesquisador ou simples curioso.
Nesses momentos geralmente o que fará diferença é a bagagem que possuo até ali, que aspectos e que quantidade das novas tecnologias domino, que programas tenho habilidade em utilizar, que ferramentas de busca conheço e que recursos de pesquisa consigo usar com eficácia. Nesse emaranhado de bits, bytes e gigabytes sem fim, o livro impresso, encadernado em alguma gráfica não é algo obsoleto, mas um item que faz parte de todo esse gigantesco universo de informação. Um item com o qual convivo há tanto tempo que já criei com ele fortes laços afetivos, emocionais até. Ler um texto na tela do computador proporciona informação e lazer na mesma medida, porém não se consegue desfrutar da gostosa sensação de poder manusear, do ruído áspero das páginas sendo viradas ou do cheiro da celulose e da tinta impressa. Talvez resida aí o encanto do livro de papel: ele consegue estimular um número maior dos nossos sentidos do que o livro digital.
Há cerca de vinte anos, Bill Gates escreveu que o livro impresso estava com os dias contados. A estrada do futuro, título dessa obra, foi um sucesso de vendas na época e saiu em formato de livro comum, impresso em papel, nas livrarias do mundo todo!
O livro impresso e encadernado, como o conhecemos desde que aprendemos a ler e rabiscar as primeiras letras, possui um lugar cativo no imaginário das pessoas e está diretamente associado ao ato de contar histórias. Desde pequenos nos acostumamos com a imagem da mãe que apanha um livro na estante e o abre ao lado da cama do filho para contar fábulas e aventuras de terras distantes e tempos longínquos, fazendo com que a criança, mesmo por pouco tempo, passe ela mesma a fazer parte da vida daquelas personagens, ora se alegrando, ora se assustando, porém nunca ficando indiferente.
Desse ponto de vista, o livro se constitui em um objeto do mundo físico, algo que pode ser tocado e apalpado, enquanto sua versão digital é algo virtual, que posso ler e compreender, porém que não posso tocar nem cheirar, daí haver um certo distanciamento, uma certa frieza.
Ao longo da relativamente curta aventura humana na terra, o motor que moveu e continua movendo a raça humana é a curiosidade, a busca por respostas e por soluções para os tantos problemas e obstáculos que a vida nos impõe. Enquanto houver essa disposição, essa curiosidade que faz com que busquemos, com que procuremos, o livro estará sempre lá, em algum lugar, à nossa espera, pronto para dar respostas ou fornecer pistas. O livro impresso não é um objeto limitado ou condenado a desaparecer, é sobretudo um aliado em cujas páginas pousamos os olhos para que nossa mente possa alçar vôo.

Um comentário:

Unknown disse...

Concordo com o exposto pelo Evandro. O livro impresso em papel e a internet são mídias diferentes e uma complementa a outra. Por mais informação que se tenha na internet ou num pendrive, nada substitui um livro de papel que vc manuseia. Para mim que uso a internet como fonte de pesquisa na minha área de atuação, uso a internet para pesquisa muitas vezes por livros em lojas online de autores conhecidos e com alguma procedência... Na internet tem que saber filtrar o que se está lendo...