quarta-feira, 28 de setembro de 2011
Preservar para sobreviver
Na semana passada, os moradores do centro de Erechim testemunharam uma cena chocante: ao amanhecer, numa das ruas centrais da cidade, dez indefesos filhotes de gambá se contorciam de frio e fome ao redor de sua mãe, que jazia imóvel e sem vida no chão de pedra. Tinha sido atropelada ou, ainda pior, morta a pauladas durante a madrugada.
Resgatados por homens do corpo de bombeiros, os pequenos serão criados por uma enfermeira aposentada, até que possam finalmente ser devolvidos à natureza em segurança. Quando li a notícia e vi a foto que agora ilustra esta coluna, não pude deixar de me emocionar e sentir que, apesar de todo o mal que temos causado ao meio ambiente e às outras espécies, ainda existem seres humanos que tem bom coração e que são caridosos para com as criaturas indefesas e que precisam de cuidados.
Mesmo com todas as campanhas e programas de conscientização, ainda são poucas as pessoas que se preocupam em proteger as espécies animais e vegetais, e que sabem qual a importância destas para a nossa própria sobrevivência. Pode não parecer, mas a espécie humana ainda é muito recente no planeta. Se a história de todos os seres vivos pudesse ser condensada no período de um ano, a história humana ocuparia umas poucas horas do último dia desse ano. Foi só aí que surgimos e nesse curto espaço de tempo já causamos a extinção de uma enormidade de animais.
Temos uma vocação natural para a maldade e para a destruição. Se um animal qualquer está nos causando incômodo, é muito mais fácil matá-lo do que procurar uma outra solução que possa preservar a sua vida. Isso nos leva a pensar que só poupamos as outras pessoas porque existem punições severas caso matemos alguém. Parece que assim sendo, de certa forma os humanos acabam descontando nos pobres animais, que não são páreo para nós e nosso instinto assassino. É assustador.
Em nossa cidade e também pelas comunidades do interior, é frequente a matança de animais selvagens e até domésticos. Tenho escutado relatos de pessoas que perdem seus cachorros seguidamente, envenenados. A matança deliberada de animais é um ato que não deveria mais existir, no mundo em que vivemos. Vivemos querendo nos proclamar como a espécie mais evoluída sobre a Terra, e ainda praticamos barbaridades como essa. De uma vez por todas, é preciso que todos se deem conta de que cada ser vivo é importante. Que uns dependem dos outros para existirem. Os biólogos e oceanógrafos estudiosos da vida marinha estimam que por volta do ano 2050 as pessoas só verão peixes em fotos ou em filmes, porque já terão sido exterminados.
A pesca predatória tem varrido dos mares um número incontável de peixes, e isso todos os dias! Hoje, pesca-se em algumas horas uma quantidade de peixes que se levava um ano para pescar, lá por 1800. Se a coisa continuar na velocidade atual, não teremos muito tempo de vida sobre a Terra. Alguns cientistas estimam que os seres humanos talvez tenham no máximo uns 200 ou 300 anos ainda de domínio no planeta, antes que sejamos exterminados. Eu costumava pensar que ainda restava esperança para nós, mas à medida que os anos passam, vejo que a única prioridade para a raça humana é o conforto, a comodidade e os bens materiais. Alcançamos um nível tal de avanço tecnológico que não nos preocupamos mais com as outras espécies, nem se estamos poluindo perigosamente o planeta.
Definitivamente, pensamos somente em nós, esquecendo que ao maltratar os animais, ao exterminá-los, estamos exterminando a nós mesmos. E as formas de crueldade são muitas: não só matamos, como também torturamos, seja em rinhas de galos, touradas e rodeios, onde os animais são laçados, derrubados, torcidos, espancados muitas vezes até que estejam mortos. Daí todos aplaudem satisfeitos, comemoram.
É preciso que atitudes como a desses bombeiros e dessa senhora que se apresentou como voluntária para cuidar dos gambazinhos se multiplique todos os dias. É cuidando e demonstrando o nosso amor a todos os seres vivos que seremos talvez, uma espécie a ser admirada.
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